segunda-feira, 8 de junho de 2015

1679 - «NÃO AMO A CIDADE» - ANTÓNIO REIS

1679

«NÃO AMO A CIDADE»

Não amo a cidade
por ser grande

Amo-a
por ter nascido sem mistério
e ter criado
a sua própria natureza

embora os olhos e o coração
sofram quotidianamente
por imperfeições e mágoas

ANTÓNIO REIS

1678 - MADEIRA - PORTUGAL

1678

MADEIRA - PORTUGAL

sábado, 6 de junho de 2015

1677 -«A NOITE NOS ACENDE MOVIMENTOS«- FERNANDO ECHEVARRIA

1677

«A NOITE NOS ACENDE MOVIMENTOS...»

A noite nos acende movimentos
luminosos. E ampla se diria
ou paz, se não mover-nos
abrisse dentro da brisa.
Mas mesmo que o silêncio
nos alongue a memória e as axilas
respirem o que vemos,
a custo vemos crescerem às pupilas
os vasos de irem vendo
a inclinação das coisas esquecidas.

FERNANDO ECHEVARRIA


quarta-feira, 3 de junho de 2015

1674 - «BOMBA» - FERNANDO ECHEVARRIA

1674

BOMBA

Formosa mâe. Luz ou morte.
Desintegração. Alguma
sombra deseja ser espuma
e ter o  vento por sorte.
Agarro-me a ti. Agarro
toda a luz e todo o barro 
de mim e to dou. Entrego-me
à total revolução.
Mãe, reventa. Irrompo cego
e mordo-te o coraçâo.
Corpo de sombra. Compacto
dentro e massa luminosa
que até rebentar é um facto
e depois é sempre rosa.
Rosa de fogo que arranca
raízes, sexos, à branca
corporização da medida.
E não é nada. É um lábio
que arde, e arde, e arde, e sabe o
que há de morte na vida.

                  (Sobre as Horas)


FERNANDO ECHEVARRIA

segunda-feira, 1 de junho de 2015

1672 - «ESTRELA» FERNANDO ECHEVARRIA

1672

ESTRELA

Tu. Tu de luz. Agressivo
ponto de amor. Rompes lábios
celestes. E ninguém sabe os
limites de ti. Que vivo
longe arrastas o presente,
com tal paixâo, que se sente
o teu coração aqui.
Coração que os beijos mordem
com tal vento de desordem
que os lábios chegam a ti.

FERNANDO ECHEVARRIA