quarta-feira, 3 de junho de 2015

1674 - «BOMBA» - FERNANDO ECHEVARRIA

1674

BOMBA

Formosa mâe. Luz ou morte.
Desintegração. Alguma
sombra deseja ser espuma
e ter o  vento por sorte.
Agarro-me a ti. Agarro
toda a luz e todo o barro 
de mim e to dou. Entrego-me
à total revolução.
Mãe, reventa. Irrompo cego
e mordo-te o coraçâo.
Corpo de sombra. Compacto
dentro e massa luminosa
que até rebentar é um facto
e depois é sempre rosa.
Rosa de fogo que arranca
raízes, sexos, à branca
corporização da medida.
E não é nada. É um lábio
que arde, e arde, e arde, e sabe o
que há de morte na vida.

                  (Sobre as Horas)


FERNANDO ECHEVARRIA

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