017-Os juros da dívida pública atinjiram, esta manhã, 7,1%, no « mercado da dívida» - palavra que entrou definitivamente no nosso bocabulário. Antes, abasteciamos-nos no mercado da Ribeira e no mercado do Bolhão. Hoje, perdidas as tradições, abastecemo-nos no «mercado da dívida». Mas há . As mudanças dos hábitos de consumo dos portugueses, (deixámos de frequentar os mercados tradicinais para entrarmos na voragem dos centros comerciais, dos stands de automóveis e nas agências de viagens), e a mudança dos meios de pagamento (substituindo as notas do Banco de Portugal que nos eram entregues como remuneração pelos cartões de crédito ilimitado) levaram-nos a percorrer o caminho até ao «mercado da dívida». Foi o ciclo do crescimento assente no investimento público e no consumo inaugurado pelos governos de Cavaco Silva e pela integração europeia. O Estado, as empresas e as famílias entregaram-se ao ao deboche e não mais pararam de aumentar as despesas. A crédito, obviamente. A produção de riqueza não chegava para tanto esbanjamento. Agora, mesmo os mais optimistas já perceberam que temos de voltar aos mercados da Ribeira e do Bolhão. Nunca a expressão Vais pagar e com juros foi tão adequada à nossa situação.
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