146-Começo o último post do mês de Junho recordando um pouco dos
anos 60. Em 1961 começam as primeiras movimentações independentistas no Ultramar.
Salazar manda fazer uma ponte aérea militar para Angola. Os quarteis ficam
desguarnecidos, a malta é mobilizada. Eu próprio sou mobilizado em 1961 e fui obrigado a cumprir cerca 5 anos de serviço militar obrigatório, 3 cá e mais 2 em Timor.
Em 1964 foi o meu regresso da provincia ultramarina de Timor depois de ali ter cumprido 2 anos de serviço militar obrigatório. Nesse mesmo ano de 1964 tinha acabado de ganhar o Festival da Eurovisão uma jovem italiana com uma canção muito simples: Non ho l´età
Non ho l´età, non ho l´età per amarti
Non ho l´età uscire sola con te
E non avrei, non avrei multa da dirti
Perchè tu sai molte più cose di me
[Refrain:]
Lascia ch`io viva um amore romantico
Nell`attesa che venga quel giorno, ma ora no
Non ho l`etá, non ho l`età per amarti
No ho l`età per uscire sola con te
Se tu vorrai, se tu vorré aspettarmi
Quel giorno avrai tutto il mio amore per te
Lascia ch´io viva um amor romantico
Nell´arttesa che venga quet giorno, ma ora no
Non ho létà per urcire sola con te
Se tu verrai, se tu vorrai asppertarm
Quel giorno avrai tutto il mio amore per te
144-Hoje é o dia 24 de Junho. Foi em 24 de Junho do ano 1128, faz hoje precisamente 883 anos que se travou a Batalha de São Mamede, entre D. Afonso Henriques e a sua mãe D. Teresa. Tendo o primeiro rei de Portugal vencido esta contenda. Inicia-se o processo que irá garantir a independência do Condado Portucalense face ao Reino de Leão. Assim nasce Portugal à bofetada entre mãe e filho. E agora somos nós que estamos a pagar as favas !...
140-O Portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem da enchurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenham elas e o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz.
Poederá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raíz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão.
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro. RUY BELO
Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una picola... em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamarem-lhe voz ouviraam-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indefectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma trva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não: brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha.
JORGE DE SENA
138-O maior perigo que se põe actualmente à humanidade não é o da explosão nuclear, é o da explosão demográfica. Portugal tornou-se, porém, (com a Europa), excepção.
O nosso País tem a taxa de fertelidade mais baixa do velho continente, continente onde ela entrou, nos últimos anos, em declínio acentuado. Felizmente.
Produto desvalorizado pelo excesso, o homem só deixará, como consequência, de ser um desperdício quando escassear; só quando os nascimentos forem actos desejados (por opção, por disponibidade) ele atingirá o estatuto qualitativo a que tem direito.
Políticos, economistas, comunicadores, ideólogos repetem, porém, que estamos a envelhecer, a escassear, e fazem disso catástrofe para ínvias manipulações.
As suas mentalidades formigueiras/coelheiras esquivam-se, no entanto, a dizer que o problema não é o de falta de gente nova no mundo (nasce um milhão de pessoas em cada 100 horas), mas o do seu desequilíbrio. Insistem mesmo em propagar que Portugal (a Europa) está em perigo, que no ano 2020 doze por cento de nós terão mais de 65 anos; em divulgar a ideia de que um indivíduo (um país, um continente) que envelhece que estiola; não cuidam de assumir que os velhos são cada vez menos velhos, que tão fiável é premir botões de máquinas aos 80 como aos 20 anos, que a sabedoria, a perspicácia trazidas pela idade compensam a força, a destreza levadas por ela.
Não costuma ser, aliás, pelo facto de disporem de populações rejuvenecidas que os estados se desemvolvem mais; o número de habitantes de um país não se revela indicador de progresso.
"As florestas precedem as pessoas, os desertos acompanham-nas", avisava Chateaubriand. O homem é um poluidor por condição: as hecatombes ocorridas são consequência da sua natalidade incontrolável, fomentada para haver cada vez cada vez mais mão de obra barata e farta, carne para canhão e camas, almas para pastorear e salvar.
Vamos ser, em 2100, apenas 6,7 milhões de portugueses (a mesma população de 1920), catastrofizam demógrafos, E daí ?
Quererão mais jovens para somar aos que deambulam sem ocupação, sem saída, sem futuro? mais jovens a viver dos pais e avós (que no final da vida têm de subtrair às cada vez mais subtraidas pensões o seu sustento?); mais jovens para alargar o mercado dos prostitutos, dos delinquentes, dos drogados, dos excluídos? Não lhes chegam as centenas de crianças a dormir nas ruas de Lisboa? Não lhes bastam os milhares de adolescentes a procurar, em vão, o primeiro emprego?
Líderes de opinião inculcam, entretanto,ideias segregacionistas entre as gerações. Insinuam que a culpa dos desequilíbrios pertence aos mais idosos por ocuparem lugares, monopolizarem privilégios, esgotarem recursos, bloqueando os mais novos. Lutas surdam lavram, na verdade, a vários níveis, instigadas por semelhantes correntes de opinião, não se revelando que a instabilidade afecta todos os estratos etários, que não os séniores a barrar a ascenção dos jovens, mas os interesses instituidos que desarticulam uns e outros, hostilizam uns contra os outros por haverem tornado todos prescindíveis.
Ninguem espicifica que a produtividade deixou de ser determinada pela partecipação dos humanos , para ser pela afinação das tecnonogias. Está em campo uma mentalidade gerontofólica (racismo para com os idosos) de consequências imprevisíveis.
Semelhantes posturas levam a apontar como causa dos problemas o que são - despenalização do aborto, uso do preservativo, legalização do divórcio e do casamento homossexual -, consequências deles. As conquistas que representam não constituem ataques à família tradicional, mas mudanças ao seu paradignma, isto é, possibilidades para cada um escolher modelos de afectuosidade mais ajustados a si - o que significa um acentuado enriquecimento civilizacional.
Fernando Dacosta
135-Não sei porquê, mas neste momento, apeteceu-me de repente, retroceder no tempo, e voltar aos anos 50, quando eu tinha a idade de 20 e poucos anos,apeteceu-me ouvir alguns sons que, na altura, eram novidade e fizeram grande sucesso no panorama internacional. Naquele tempo era rei o "vinil".
Teenager in Love. Interpete, Marty Willd.
Esteve em em 1959 13 semanas no 1º.lugar
Oh! Carol. de Neil Sedaka
13 semanas no Top em 1959
Sailor, Petula Clark
10 semanas no Top 2
Black is Black (1966), cantam Los Bravos
9 semanas na posição 2
Puppet on a String (1967), Sandie Shaw
13 semanas no Top (posição 1)
San Francisco (Be Sure To Wear Some Flowers in Your Hair)
que Deus já lá tem, pintor consagrado, que foi bem grande e nos dói ser já do passado, cantou numa tela, com arte e com vida, a trova mais´bela da terra mais querida.
133-LISBOA MENINA E MOÇA Composição: Ary dos Santos/Paulo de Carvalho
No castelo, ponho um cotovelo Em Alfama, descanço o olhar E assim desfaz-se o novelo De azul e mar À ribeira encosto a cabeça A almofada, na cama do Tejo Com lençóis bordados à pressa Na cambraia de um beijo Lisboa menina e moça, menina Da luz que meus olhos vêen tão pura Teus seios são as colinas, varina Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalhada à beira mar estendida
Lisboa menina e moça , amada
Cidade mulher da minha vida
No terreiro eu passo por ti
Mas na Graça eu vejo-te nua
Quando um pombo olha, sorri
És mulher da rua E no bairro mais alto do sonho Ponho o fado que soube inventar Aguardente de vida e edronho Que me faz cantar Lisboa menina e moça, menina Da luz que meus olhos vêem tão pura Teus seios são as colinas, varina Pregão que me traz à porta, ternura Cidade a ponto luz bordada Toalha à beira mar estendida Lisboa menina e moça, amada Cidade mulher da minha vida Lisboa no meu amor, deitada Cidade por minhas mãos despida Lisboa menina e moça, amada Cidade mulher da minha vida
Vem, serenidade! Vem cobrir a longa fadiga dos homens, este antigo desejo de nunca ser feliz a não ser pela dupla humidade das bocas.
Vem, serenidade! Faz com que os beijos cheguem à altura dos ombros e com os ombros subam à altura dos lábios, faz com que os lábios cheguem à altura dos beijos.
Carrega para a cama dos desempregados todas as coisas verdes, todas as coisas vis fechadas no cofre das águas: os corais, as anémonas, os monstros sublunares, as algas, porque um fio de prata lhes enfeita os cabelos.
Vem, serenidade, com o país veloz e virginal das ondas, com o martírio leve dos amantes sem Deus, com o cheiro sensual das pernas no cinema, com o vinho e as uvas e o frémito das virgens, com o macio ventre das mulheres violadas, com os filhos que os pais amaldiçoam, com as lanternas postas à beira dos abismos, e as procissões sem padre, sem anjos e, contudo, e as esperanças dos pobres.
Vem, serenidade, com a paz e a guerra derrubar as selvagens florestas do infinito. -------------------------------------------------------
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Roubam-me Deus Outros o diabo Quem cantarei Roubam-me a Pátria e a humanidade outros ma roubam Quem cantarei Sempre há quem roube Quem eu desejo E de mim mesmo Todos me roubam Quem cantarei Roubam-me Deus