segunda-feira, 13 de agosto de 2012

647-AS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS DO SR. CAVACO


647-O Estado e os partidos

por JOÃO MARCELINOOntem69 comentários

1. As chamadas parcerias público-privadas (PPP), criadas no tempo dos Governos Cavaco Silva, eram uma razoável construção teórica. Os privados construíam logo. Os gover- nos garantiam e pagavam a prestações. A lógica, a reboque de uma certa ideia de progresso, sobretudo no alcatrão, decalcava a fúria consumista que então se começava a abater sobre a sociedade portuguesa para gáudio dos bancos.
Se as PPP se tornaram o escândalo que hoje se conhece, isso não foi principalmente culpa dos privados. As empresas propõem os negócios que entendem. O problema esteve em que, do outro lado, o dos partidos - perdão, o do Governo -, sempre esses privados puderam contar com gente pouco capaz de defender os interesses do País. Fosse por benigna incompetência ou lá pelo que fosse.
2. A feliz mando da troika, e porque o Tribunal Constitucional também decidiu o que decidiu em relação ao ataque aos sa- lários da função pública e às pensões, começou agora a renegociar-se estas PPP. Em apenas duas, e sem sair do sector rodoviário, o Estado poupou 400 milhões numa e 80 noutra!
Não sabemos se houve muito esforço negocial ou se foi coisa simples em função do eventual carácter leonino de ambos os contratos. O certo é que se fez, e rápido, como o País exige e as finanças precisam.
3. Este exemplo mostra como é frágil o poder em Portugal. Dá-nos uma ideia de como os partidos, que deveriam chegar ao poder para servir o Estado e os cidadãos, sempre que têm oportunidade se aliam aos interesses privados, e só mostram verdadeira von-tade reformista perante a absoluta necessidade. Não foi por acaso que, descontada a atual crise da Zona Euro, que amplia a dimensão da nossa precariedade económica, Portugal já vai na terceira ajuda externa desde Abril de 1974
Diário de Notícias de ontem

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