793-SONNET III
When I think my meanest line shall be
More in Time’s use than my creating whole,
That future eyes more clearly shall feel me
In this inked page than in my direct soul;
When I conjecture put to make me seeing
Good readers of me in some aftertime,
Thankful to some idea of my being
That doth not even my with gone true soul rime;
An anger at the essence of the world,
That makes this thus, or thinkable this-wise,
Takes my soul by the throat and makes it hurled
In nightly horrors of despaired surmise,
And I become the mere sense of a range
That lacks the words whose waste might ‘suage
***
Quando penso que a minha mais simples linha permanecerá
Além do Tempo mais do que toda a minha criação,
Que futuros olhos mais claramente me sentirão
Nestas páginas escritas mais que a minha direta alma;
Quando conjeturo colocar-me em evidência
Bons leitores de mim em tempos vindouros
Gratos por alguma idéia do meu ser
E não pela minha verdadeira esvaída alma-rima;
Uma raiva na essência do mundo
Que assim o faz, ou sabiamente o pensa
Pega minha alma pela garganta e a atira
Em horrores noturnos de desesperada desconfiança
Eu me torno, o mero sentir de uma fúria
Que necessita de palavras cujo desperdício pode amenizar
***
Primeiro poema
Ó terras de Portugal
Ó terras onde eu nasci
Por muito que goste delas
Inda gosto mais de ti.
Fernando Pessoa 1895
(Primeiro poema de Fernando Pessoa dedicado a sua mãe quando ainda era criança)
***
Se depois de eu morrer,
quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas
- a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.
Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; Escrito entre 1913-15; Publicado em Atena nº 5, Fevereiro de 1925
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