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PROVINCIANAS
Olá! Bons dias! Em Março,
Que mocetona e que jovem
A terra! Que amor esparso
Corre os trigos, que se movem
As vagas dum verde garço!
Como amanhece! Que meigas
As horas antes de almoço!
Fartam-se as vacas nas veigas
E um pasto orvalhado e moço
Produz as novas manteigas.
Toda a paisagem se doura;
Tímida ainda, que fresca!
Bela mulher, sim, senhora
Nesta manhã pitoresca,
Primavera, criadora!
Bom Sol! As sebes de encosto
Dão madressilvas cheirosas,
Que entontecem como um mosto.
Floridas, às espinhosas
Subiu-lhes o sangue ao rosto.
Cresce o relevo dos montes,
Como seios ofegantes;
Murmuram como umas fontes
Os rios que dias antes
Bramiam galgando pontes
E os campos, milhas e milhas,
Com povos de espaço a espaço,
Fazem-se às mil maravilhas;
Dir-se-ia o mar de sargaço
Glauco, ondelante, com ilhas!
Pois bem. O Inverno deixou-nos.
É certo. E os grãos e as sementes
Que ficam doutros Outonos
Acordam hoje frementes
Depois duns poucos de sonos.
Mas nem tudo são descantes
Por esses longos caminhos,
Entre favais palpitantes
Há solos bravos. maninhos,
Que expulsam seus habitantes!
CESÁRIO VERDE
PROVINCIANAS
Olá! Bons dias! Em Março,
Que mocetona e que jovem
A terra! Que amor esparso
Corre os trigos, que se movem
As vagas dum verde garço!
Como amanhece! Que meigas
As horas antes de almoço!
Fartam-se as vacas nas veigas
E um pasto orvalhado e moço
Produz as novas manteigas.
Toda a paisagem se doura;
Tímida ainda, que fresca!
Bela mulher, sim, senhora
Nesta manhã pitoresca,
Primavera, criadora!
Bom Sol! As sebes de encosto
Dão madressilvas cheirosas,
Que entontecem como um mosto.
Floridas, às espinhosas
Subiu-lhes o sangue ao rosto.
Cresce o relevo dos montes,
Como seios ofegantes;
Murmuram como umas fontes
Os rios que dias antes
Bramiam galgando pontes
E os campos, milhas e milhas,
Com povos de espaço a espaço,
Fazem-se às mil maravilhas;
Dir-se-ia o mar de sargaço
Glauco, ondelante, com ilhas!
Pois bem. O Inverno deixou-nos.
É certo. E os grãos e as sementes
Que ficam doutros Outonos
Acordam hoje frementes
Depois duns poucos de sonos.
Mas nem tudo são descantes
Por esses longos caminhos,
Entre favais palpitantes
Há solos bravos. maninhos,
Que expulsam seus habitantes!
CESÁRIO VERDE
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