quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

321-ANTÓNIO ALEIXO



321-Ao ver um garotito esfarrapado
Brincando numa rua da cidade,
Senti a nostalgia do passado,
Pensando que já  fui daquela idade.

II

Que feliz eu era então e que alegria...
Que loucura a brincar, santo delírio!...
Embora fosse mártir, não sabia
Que o mundo criava p´ra o martírio!

III

Já quando um homenzinho, é que senti
O dilema terrível que me impõs
A torpe sociedade onde nasci:
 - De ser vítima humilde ou ser algoz...

IV

E agora é o acaso quem guia,
Sem esperança, sem um fim, sem uma fé,
Sou tudo: mas não sou o que seria
Se o mundo fosse bom - como não é!

V

Tuberculoso!... Mas que triste sorte!
Podia suicidar-me, mas não quero
Que o mundo diga que me desespero
E que me mato por ter medo à morte...

António Aleixo in "Este Livro que Vos Deixo..."

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