sábado, 2 de junho de 2012

516-Blaise PASCAL

516-PENSAMENTOS:

VAIDADE DO HOMEM, IMAGINAÇÂO, AMOR-PRÓPRIO


                                            Vaidade

Não nos contentamos com a vida que temos em nós e no nosso próprio ser: queremos na idéia dos outros uma vida imaginária, e nos esforçamos por assim parecer. Trabalhamos incessantemente por embelezar e conservar esse ser imaginário, e neglicenciamos o verdadeiro; e, se temos ou a tranqüilidade, ou a generosidade, ou a fidelidade, apressamo-nos em fazê-lo saber, afim de ligar essas virtudes a esse ser de imaginação: nós as destacaríamos antes de nós para juntá-las a ele, e seríamos de bom grado poltrões para adquirir a reputação de ser corajosos. Grande marca do nada do nosso próprio ser, não estar satisfeito com um sem o outro, e renunciar muitas vezes a um pelo outro! Pois, quem não morresse para conservar sua honra, esse seria infame.
A doçura da glória é tão grande que, a alguma ; coisa que se ligue, mesmo à morte, é amada.

O orgulho contrapesa todas as misérias. Ou as oculta, ou, se as descobre, glorifica-se de conhecê-las. Ele nos detém de uma posse tão natural no meio das nossas misérias, dos nossos erros, etc., que perdemos mesmo a vida com alegria, desde que se fale dele.

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