1536
A MIRAGEM
Parei a cogitar. No meu cabelo
Torvelinhava um vento de oração...
-- Qual a acha que ardeu, feita carvão.
-- A água que esfriou, tornada gelo.
Ajoelhei. O meu peito era um vulcão.
No céu lagrimejava o sete-estrelo...
E o seu fino perfil pude inda vê-lo,
Num halo de pudor e devoção
Mas no meu coração, ardente lava,
Uma nuvem errática poisava,
E que longe obumbrou saudosas fráguas;
Hóstia santa de luz, desfeita em chuva,
Qual beguina de amor, de Deus viúva,
Num rosário a rezar, vertendo águas.
CAMILO PESSANHA
A MIRAGEM
Parei a cogitar. No meu cabelo
Torvelinhava um vento de oração...
-- Qual a acha que ardeu, feita carvão.
-- A água que esfriou, tornada gelo.
Ajoelhei. O meu peito era um vulcão.
No céu lagrimejava o sete-estrelo...
E o seu fino perfil pude inda vê-lo,
Num halo de pudor e devoção
Mas no meu coração, ardente lava,
Uma nuvem errática poisava,
E que longe obumbrou saudosas fráguas;
Hóstia santa de luz, desfeita em chuva,
Qual beguina de amor, de Deus viúva,
Num rosário a rezar, vertendo águas.
CAMILO PESSANHA
Sem comentários:
Enviar um comentário