segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

1573 - «DO OURO»» - ALBERTO DE LACERDA

1573

DO OURO

Divinamente incrível como o vento
Não pròpriamente o vento mas a brisa
Não pròpriamente incrível  pois o vento
Desde a infância me recobre a vida
Mas ele o vento traz o inesperado
A aparição angélica na esquina 
O sagrado terror das horas belas
Momentos prolongados
Absolutamente inenarráveis
Pois ninguém acredita
E a ninguém os diria

É tudo incrível miraculoso
O Ouro por que a Rua se chamava
A minha angústia à sobra de Lisboa
A noite a noite branda. E de repente
Em plena noite escura
Num rosto aquele dia
Um dia esplendoroso
Que mesmo que me fuja
Me deixou para sempre
As feridas da alegria

                   (Exílio)

ALBERTO DE LACERDA



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