1660
«IGNOTO DEO»
Que beleza mortal se te assemelha,
Ó sonhada visão desta alma ardente,
Que reflectes em mim teu brilho ingente,
Lá como sobre o mar o Sol se espelha?
O mundo é grande -- e esta ânsia me aconselha
A buscar-te na Terra: e eu, pobre crente,
Pelo mundo procuro um Deus clemente,
Mas a ara só lhe encontra... nua e velha...
Não é mortal o que eu em adoro.
Que és tu aqui? olhar de piedade,
Gota de mel em taça de venenos...
Pura essência das lágrimas que choro
E sonho dos meus sonhos! se és verdade,
Descobre-te, visão, no Céu ao menos!
´
ANTERO DE QUENTAL
«IGNOTO DEO»
Que beleza mortal se te assemelha,
Ó sonhada visão desta alma ardente,
Que reflectes em mim teu brilho ingente,
Lá como sobre o mar o Sol se espelha?
O mundo é grande -- e esta ânsia me aconselha
A buscar-te na Terra: e eu, pobre crente,
Pelo mundo procuro um Deus clemente,
Mas a ara só lhe encontra... nua e velha...
Não é mortal o que eu em adoro.
Que és tu aqui? olhar de piedade,
Gota de mel em taça de venenos...
Pura essência das lágrimas que choro
E sonho dos meus sonhos! se és verdade,
Descobre-te, visão, no Céu ao menos!
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ANTERO DE QUENTAL
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