27-As últimas semanas foram copiosas em demonstrar que Portugal é um país para se levar pouco a sério. Dois rapazolas transformaram-no num terreiro de berlinde, cada um com um abafador que destinará quem venceu. O pior é que ninguém ganha e todos estamos a perder. Um deles possui um sentido circense que legitima todo o faz-de-conta. O outro manifesta uma devoção ingénua pelo poder que, na realidade não possui. Ambos resultam desse milagre convencional que nos faz reféns de dois partidos desprovidos de grandeza, intelectualmente asténicos e politicamente impostores.
Na verdade, os dois partidos nunca foram grande coisa. Nas paredes das suas sedes estão retratos poéticos daquele que os dirigiram.
Percorremos o olhar por esses rostos líricos e chegamos a conclusões deploráveis. Poucos socialistas e poucos sociais-democratas de intenção e decisão, coisa que não interessava a quem na sombra agia. É uma época ilustrada pela traição.
Os dois mancebos que jogam o berlinde correspondem a uma inconsciência dócil, que opera no contexto histórico, e se esclaresse nas relações de poder. São semelhantes na leviandade e na carência de conhecimentos. Nada mais do que isso. Não é só serem incredíveis. Sobretudo, são imaturos, ignorantes e tragicamente incapazes. Um deles já deu o que podia dar. E atingiu as funções que assume por completa ausência de antagonista. A dr.ª Manuela era um susto; e os seus antecessores, personagens menors de uma pungente ópera-bufa. Quanto ao outro rapazola, rapidamente se percebeu tratar-se de um moroso equívoco, uma bizarra consequência de época e, sobretudo, um produto incapaz de se produzir a si próprio.
Estamos perante um imbróglio perturbador. O dilema é este: como se passa do patológico para o normal? Ignoramo-lo. Desde a aparição mística do dr. Cavaco que aumentou o perigo de uma sociedade amolgada. Aquele senhor alimentava (e alimenta) um distrocido entendimento do que é a democracia. A década em que foi primeiro-ministro saldou-se pela rucusa da modernidade e pela imposição de uma rigidez emocional que ainda hoje persiste. Perdra e betão substituíram a alma e a coragem.
As rapaziadas a que temos assistido procedem dessa cultura de ilusionísmo que conduziu à relativa despersonalização do português, o que vira no 25 de Abril uma porta de esperanças. O dr. Cavaco nada tinha ou tem a ver com o apostolado da liberdade. Ele nunca mexeu uma palha com esse objectivo. E até chegou a inventar uma rústica e grotesca história que o ungia como mosqueteiro da democracia. As rapaziadas destes rapazolas provêm da mesma matriz.
BAPTISTA-BASTOS
Estamos perante um imbróglio perturbador. O dilema é este: como se passa do patológico para o normal? Ignoramo-lo. Desde a aparição mística do dr. Cavaco que aumentou o perigo de uma sociedade amolgada. Aquele senhor alimentava (e alimenta) um distrocido entendimento do que é a democracia. A década em que foi primeiro-ministro saldou-se pela rucusa da modernidade e pela imposição de uma rigidez emocional que ainda hoje persiste. Perdra e betão substituíram a alma e a coragem.
As rapaziadas a que temos assistido procedem dessa cultura de ilusionísmo que conduziu à relativa despersonalização do português, o que vira no 25 de Abril uma porta de esperanças. O dr. Cavaco nada tinha ou tem a ver com o apostolado da liberdade. Ele nunca mexeu uma palha com esse objectivo. E até chegou a inventar uma rústica e grotesca história que o ungia como mosqueteiro da democracia. As rapaziadas destes rapazolas provêm da mesma matriz.
BAPTISTA-BASTOS
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