sábado, 29 de janeiro de 2011

5-Vídeo para pensar*


5-ESTE VÍDEO DÁ QUE PENSAR, MAS SERÁ QUE AS                
PESSOAS PENSAM ?! ... 
                                                     ic duas vezes no vídeo, entre n
Co youtube, e veja com o ecrã completo
Será que este bicharoco chamado homem, que possui o livre arbítrio, se quizesse poderia evitar todas as malfeitorias que pratica neste Planeta?.                                                                        
   Por outro lado penso que tudo o tem um princípio, tem um fim, tudo o que nasce morre.                                                                   
                                                                                                                                
     Só é pena que um dia este planeta tenha de acabar assim, desta maneira.  Mais valeria que um meteorito fizesse esse trabalho, como já o fez, pelo menos era mais limpo.                                                  

Sugestão: click duas vezes seguidas neste vídeo, entre no "youtube" e veja com
o ecrã inteiro





quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

4-Fernando Pessoa

4-És melhor que tu;  
Não digas nada:  sê
Fernando Pessoa                                

3-Pablo Neruda*

3-Sê


Se não puderes ser um pinheiro no topo de uma colina,
Sê um arbustro no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.


Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso ....
Mas sê o melhor no que quer que sejas


Pablo Neruda

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

2-Peças do `puzzle`*

2-Mário Soares foi o vencedor das eleições. A astúcia e a imaginação do velho estadista permitiram que Fernando Nobre, metáfora de uma humanidade sem ressentimento, lhe servisse às maravilhas para ajustar contas. É a maior jogada política dos últimos tempos. Um pouco maquiavélica. Mas nasce da radical satisfação que Mário Soares tem de si mesmo, e de não gostar de levar desaforo para casa. Removeu Alegre para os fojos e fez com que Cavaco deixasse de ser tema sem se transformar em problema. O algarvio regressa a Belém empurrado pelos acasos da fortuna, pelos equívocos da época, pelo cansaço generalizado dos portugueses e pelos desentendimentos das esquerdas (tomando esta definição com todas as precauções recomendáveis). Vai, também, um pouco sacudido pelo que do seu carácter foi revelado. Cavaco não possui o estofo de um Presidente, nem um estilo que o dissimulasse. Foi o pior primeiro-ministro e o mais inepto Chefe do Estado da democracia. Baço, desajeitado, inculto sem cura, preconceituoso, assaltado por pequenas vinganças e latentes ódios, ele é o representante típico de um Portugal rançoso, supersticioso e ignorante, que tarda em deixar a indolência preguiçosa. Nada fez para ser o quem sido. Já o escrevi, e repito: foi um incidente à espera de acontecer. Na galeria de presisdentes com que, até agora, fomos presenteados, apenas encontro um seu equivalente: Américo Tomás. E, como este, perigoso. Pode praticar malfeitorias? Não duvido. Sobre ser portador daqueles adornos é uma criatura desprovida de convicções, de ideologia, de grandeza e de compaixão. Recupero o lamento de Herculano: "Isto dá vontade de morrer!"
BATISTA-BASTOS


  Mas deixemo-nos de politiquices e vamos mas é fazer uma visitinha à Orquestra de Henry Mancini para nos alegrar e por um pouco de calor nas nossas almas:



Nota:  isto para quem não sabe. Se clicar duas vezes seguidas no mesmo vídeo fica posicionado no YouTube e a partir daí pode visionar com o ecrã cheio.

domingo, 23 de janeiro de 2011

1-Cesário Verde*

     1-O SENTIMENTO DE UM OCIDENTAL
                          
                            I                         
                                                                              A Guerra Junqueiro

                            Ave-Marias


   Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.


   O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, pertubra;
E os edifícios, com as chaminés e a turba,
Toldam-me duma cor monótoma e londrina.


    Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via férrea os que se vão, felizes!
Ocorrem-me exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim,Sampetersburgo, o mundo!


    Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.


  Voltam os calafates, aos magotes
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos;
Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.


   E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!
Luta Camões no sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!


   E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinir de loiças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.


   Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas:
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!


    Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso o rio; apressam-se as obreiras;
E um cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

     Vêm sacudindo as ancas opulentas!
seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas à cabeça, embalam as canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.



Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro onde miam gatas,
E o peixo podre gera focos de infecção!



                                        II



               NOITE FECHADA



   Toca-se as grades, nas cadeias. Som
Que mortifica e deixa umas loucuras mansas!
O aljube, em que estão velhinhas e crianças,
Bem raramente encerra uma mulher de «dom»!



    E eu desconfio, até, de um aneurisma
Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes;
À vista das prisões, da velha Sé, das cruzes,
Chora-me o coração que se enche e que abisma.



    A espaços, iluminam-se os andares,
E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos;
Alastram em lenços os seus reflexos brancos;
E a lua lembra o circo e os jogos malabares.



   Duas igrejas, num saudoso largo,
Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero:
Nelas esfumo um ermo inquisidor severo,
Assim que pela História eu me aventuro e alargo.



   Na parte que abateu no terramoto,
Muram-me as construções rectas, iguais, crescidas;
Afrontam-me, no resto, as ingredientes subidas.a
E os sinos dum tanger monástico e devoto.



   Mas, num recinto público e vulgar,
Com bancos de namoro e exíguas  pimenteiras,
Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,
Um épico doutrora ascende, num pilar!



   E eu sonho o Cólera, imagino a Febre,
Nesta acumulação de corpos enfezados;
Sombrios e espectrais recolhem os soldados;
Inflama-se um palácio em face de um casebre.



     Partem patrulhas de cavalaria
Dos arcos dos quartéis que foram já conventos;
Idade Média! A pé, outras, a passos lentos,
Derramam-se por toda a capital, que esfria.



    Triste cidade! Eu temo que me avives
Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes,
Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes,
Curvadas a sorrir às montras dos ourives.



   E mais: as costureiras, as floristas,
Descem dos masagins, causam-me sobressaltos;
Custa-lhes a elevar os seus pescoços altos
E muitas delas são comparsas ou coristas.



E eu, de luneta de uma lente só,
Eu acho sempre assunto a quadros revoltados;
Entro na brasserie; às mesas de emigrados,
Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.



                              III



                   AO GÁS



    E saio . A noite pesa, esmaga. Nos
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras
Um sopro que arrepia os ombros quase nus     



     Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso
Ver círios laterais, ver filas de capelas,
Com santos e fiéis, andores,ramos, velas,
Em uma catedral de um comprimento imenso.



     As burguesinhas do catolicismo
Resvalam pelo chão minado pelos canos;
E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.



    Num cuteleiro, de avental, ao torno,
Um forjador maneja um malho, rubramente;
E de uma padaria exala-se, inda quente
Um cheiro salutar e honesto o pão no forno.



    E eu medito um livro que exacerve,
Quizera que o real e a análise mo dessem;
Casas de confecções e modas resplandecem;
Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.



    Longas descidas! Não poder pintar
Com versos magistrais, salubres e sinceros,
A esguia difusão dos vossos reverberos
E a vossa palidez romântica e lunar!



    Que grande cobra, a lúbrica pessoa
Que espartilhada escolhe uns xales com debuxo!
Sua excelência atrai, magnética, entre luxo
Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.



    E aquela velha de bandós! Por vezes,
A sua traîne imita um leque antigo, aberto,
Nas barras verticais, a  duas tintas. Perto
Escarvam, à vitória, os seus meclemburgueses.



    Desdobram-se tecidos estrangeiros;
Plantas ornamentais secam nos mostradores;
Flocos de pós de arroz pairam sufocadores,
E em nuvens de cetins requebram-se os caixeiros.



    Mas tudo cansa!  Apagam-se nas frentes
Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
Da solidão regouga um cautoleiro rouco;
Tornam-se mausoléus as armações fulgentes



    «Dó da miséria! ...  Compaixão de mim! ...»
E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
Pede-me sempre esmola um homemzinho idoso,
Meu velho professor nas aulas de Latim!



                             IV



           HORAS MORTAS



    O tecto fundo de oxigénio, de ar
Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras;
Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras,
Enleva-me a quimera azul de transmigrar.



    Por baixo, que portões! Que arruamentos!
Um parafuso cai nas lajes, às escuras:
Colocam-se taipais, rangem as fechaduras,
E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos.



     E eu sigo, como as linhas de uma pauta
A dupla correnteza augusta das fachadas;
Pois sobem, no silêncio, infaustas e trinadas,
As notas pastoris de uma longinqua flauta.



   Se eu não morresse, nunca!  E eternamente
Buscasse e conseguido a perfeição das coisas!
Esqueceço-me a prever castissimas esposas
Que aninham em mansões de vidro transparente!



   Ó nossos filhos! Que de sonhos ágeis,
Pousando, vos trarão a nitidez às vidas!
Eu quero as vossas  mães e irmãs estremecidas,
Numas habitações translúcidas e frágeis.



    Ah! Como a raça ruiva do porvir,
E as frotas dos avós, e os nómadas ardentes,
Nós vamos explorar todos os continentes
E pelas vastidões aquáticas seguir!



   Mas se vivemos, os emparedados,
Sem árvores, no vale escuro das muralhas! ...
Julgo avistar, na treva, as folhas das navalhas
E os gritos de socorro ouvir estrangulados.



    E nestes nebulosos corredores
Nauseiam-me, surgindo, os ventres das tabernas;
Na volta, com saudade, e aos bordos sobre as pernas,
Cantam, de braço dado, uns tristes bebedores.



    Eu não receio, todavia, os roubos;
Afastam-se, a distância, os dúbios caminhantes;
E sujos, sem ladrar, ósseos, febris, errantes,
Amareladamente, os cães parecem lobos.



    E os guardas, que revistam as escadas,
Caminham de lanterna e servem de chaveiros;
Por cima, as imorais, nos seus roupões ligeiros,
Tossem, fumando, sobre a pedra das sacadas.



    E, enorme, nesta massa irregular
De prédios sepulcrais, com dimensões de montes;
A Dor humana busca os amplos horizontes,
E tem marés de fel como um sinistro mar!



  

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

01-AMÁLIA*

01-"E QUANDO EU JÁ CÁ NÃO ANDAR
AINDA ME VAI SABER BEM
QUE DE TODO O MEU CANTAR
AINDA SE LEMBRE ALGUÉM"
                                            Amália Rodrigues

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

02-CHERBOURG

02-Les Parapluies de Cherbourg (Os Chapéus de Chuva de Cherbourg), de Jacques Demy, de 1964, é um filme muito original, falado a cantar, com a bela música de Michel Legrand, e a talentosa Catherine Deneuve, no papel de uma ainda jovem viúva, que possui uma loja de guarda-chuvas em Cherbourg.
       Vive com uma filha já casadoira que arranja um namorado de quem gosta muito e fica grávida. Tencionam casar-se, mas entretanto o namorado recebe uma convocatória da tropa e é mobilizado para combater na Argélia por dois anos.
        Perdido o contacto entre os dois, ela fica muito entristecida e acaba por casar com outro que gosta muito dela e que quer adoptar a criança e vão viver para Paris.
       Regressado da Argélia, o antigo namorado não a encontra, e fica muito desorientando. Mas como tudo o que não tem remédio remediado está, ele acaba por casar com outra. E todos vivem felizes no melhor dos mundos possíveis.


Este vídeo é um excerto do filme "Os Chapéus de Chuva de Cherbourg"

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

03-Vídeo da Orchestra de Mantovani*

03-Belas imagens acompandas pela bela música de Mantovani



THE COMING OF WISDOM WITH TIME

Though leaves are many, the root is one;  
Through all the lying days of my youth    
I swayed my leaves and flowers in sun; 
Now I may wither into the truth                

COM O TEMPO A SABEDORIA

Embora muitas sejam as folhas, a raíz é só uma;
Ao longo dos enganadores dias da mocidade,   
Oscilaram ao sol minhas folhas, minhas flores;   
Agora posso murchar no coração da verdade       

                                                  W. B. Yeats


sábado, 15 de janeiro de 2011

04-Pensamentos

04-"No mundo há riqueza suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não para alimentar a ganância de cada um"
Mahatma Gandhi

"Paixão é uma infinidade de ilusões que serve de analgénico para a alma. As paixões são como ventanias que enfurnam as velas dos navios fazendo-os navegar, outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveriam viagens nem aventuras nem novas descobertas."
Voltaire

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

05-Al Berto

05-Cromo

andamos pelo mundo
experimentando a morte
dos brancos cabelos das palavras
atravessamos a vida com o nome do medo
e o consolo dalgum vinho que nos sustém
a urgência de escrever
não se sabe para quem

o fogo a seiva das plantas eivada de astros
a vida policopiada e destribuída assim
através da língua ... gratuitamrent
o amargo sabor deste país contaminado
as manchas de tinta na boca ferida dos tigres de papel

enquanto durmo à velocidade dos pipelines
esboço cromos para uma colecção de sonhos lunares
e ao acordar ... a incoerente cidade odeia
quem deveria amar

o tempo escoa-se na  música silente deste mar
ah meu amigo...como invejo essa tarde de fogo
em que apetecia morrer e voltar

Al  Berto, in ´Salsugem`

domingo, 9 de janeiro de 2011

06-Contra/Corrente

06-Falem baixinho

Falem baixinho. Critiquem com doçura. Façam vénias. Não se indignem, que parece mal. Agradeçam o pão que o diabo amassou. Contenham as raivas (mesmo quando as injustiças são clamorosas). Não olhem para cima. Sejam gratos a quem programa a infelicidade. Repitam muitas vezes que "o mundo sempre foi assim", "o que é que há-de fazer?", "sempre, desde que a terra é terra, houve ricos e pobres", digam que "as desigualdades e a fome são coisas naturais, que devemos olhar com resignação - Cristo não morreu na cruz? Parece ser essa ladainha com que nos encomendam os dias que aí vêm, que já não têm direito a amanhãs que cantem, nem aceitam acenos de esperança. Assim se programa o conformismo, assim se reproduz o unanimismo, assim se semeia a apatia cívica, assim se amordaça o falar.

Penso isto, e dou comigo a ler a crónica do Manuel António Pina ("Fazer pela vidinha") que trata destas perplexidades que emergem do tempo que vamos vivendo "com a cabeça entre as orelhas", como diria Sérgio Godinho. Então, como sempre, vale ler a crónica do Pina: " O "Sensato" concelho de Cavaco  Silva para comermos e calarmos de modo a que "os nossos credores" não se zanguem connosco e nos castiguem com juros cada vez mais altos espelha uma cultura salazarenta de conformismo que, sendo muito mais antiga que Cavaco, ele representa na perfeição, até nos seus, só na aparência contraditórios, repentes de arrogância. Quando Cavaco nos recomenda que amouchemos pois "se nós [aos ´nossos credores´] dirigimos palavras de insulto, a consequência será mais desemprego para Portugal", tão só repete à actual circunstância , a "sensata" e canónica fórmula do "Manda quem pode, obedece [no caso, cala] quem deve". Trata-se de uma atávica cultura em que a vida é vidinha, a crítica deve ser sempre "construtiva" e colaborante, os trabalhadores, por suave milagre linguístico, se tornam "colaboradores" (e se colaboracionistas melhor ainda) e servilismo e acriticismo são alcandorados a virtudes cívicas. Porque é assim que faz pela vidinha, de joelhos. Estejamos, prtanto, gratos às "companhias de seguros, fundos de pensões, fundos soberanos, bancos internacionais e cidadãos espalhados por esse mundo fora" que nos emprestam a juros usurários, pois eles apenas querem o nosso bem. E, como o bom Matateu numa famosa entrevista a Batista Bastos, digamos tudo o que quizermos, excepto dizer mal, "porque [cito de cor] Matateu não diz mal de ninguém".

Não dizer mal de ninguém. Olhar para o lado da vida.

FPN-JF

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

07-FRASES

07-Tenho a suspeita de que a espécie humana - a única - está prestes e extinguir-se e que a Biblioteca perdurará: iluminada, solitária, infinita, perfeitamente imóvel, armada de volumes preciosos, inútil, incorruptível, secreta.
Jorge Luís Borges


Deixei de me preocupar com o tempo. Não é uma linha, é um vento, uma onda do mar que é preciso seguir ( ... ) O único tempo real é acordar de manhã, esfregar as mãos e dizer: vamos viver este dia
Rui Chafes


Há um tempo para partir, mesmo quando não um lugar certo para ir.
Tennessee Williams


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquante dure
Vinícius de Morais




 La vie est une phrase interrompue
Victor Hugo

Penso muitas vezes no dia em que vislumbrei o mar  pela primeira vez. O mar é grande, o mar é imenso, o meu olhar vagueava pela praia fora e esperava ser libertado: mas lá no fundo, porém, estava o horizonte. Por que razão tenho eu um horizonte? Da vida, eu esperei o infinito.
Thomas Mann

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

08-Poema do futuro

08-Conscientemente escrevo e, consciente,
medito o meu destino.

No declive do tempo os anos correm,
deslisam como a água, até que um dia
um possível leitor pega num livro
e lê,
lê displicentemente,
por mero acaso, sem saber porquê.
Lê, e sorri.
Som da construção do verso que destoa
no seu diferente ouvido;
sorri dos termos que o poeta usou
onde os fungos do tempo deixaram cheiro a mofo;
e sorri, quase ri, do íntimo sentido,
do latejar antigos
daquele corpo imóvel , exhumado
da vala do poema.

Na História Natural dos sentimentos
tudo se transformou.
O amor tem outras falas,
a dor outrras arestas,
a esperança outros disfarces,
a raiva outros esgares.

Estendido sobre a página, exposto e descoberto,
exemplar curioso de um mundo ultrapassado,
é tudo quanto fica,
é tudo quanto resta
de um ser que entre outros seres
vagueou sobre a terra.
                                       António Gedeão

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

09-Presidenciais

09-Hoje reforço uma decisão e admito um erro. Reforço a decisão de apoiar Manuel  Alegre sem reservas, e admito um erro de casting nas últimas eleições presidenciais quando votei Mário Soares. Vamos por partes.
Eu tenho um objectivo: derrotar Cavaco Silva. Considero Cavaco um político inteligente, que se faz passar pelo anti-político ("deixem-me trabalhar"). Cavaco conhece bem os portugueses (Salazar também conhecia !...), qualquer coisa contra a política e os políticos é bem vinda, logo é só deixando crescer a ideia que se chegou e se está na política para morarizar. Eu não gosto da personagem, nem do seu papel. Nunca gostei.
Com este objectivo, recordo derrotar Cavaco, deveria ter feito uma análise mais cuidadosa nas últimas eleições presidenciais, não o fazendo deixei-me levar pela emoção: votei Soares. Com isso, não forcei uma segunda volta e consequentamente levei à vitória de Cavaco.
Eu apoio Manuel Alegre, porque a sua candidatura satisfaz, para mim, dois requisitos: 1) é uma candidatura de oposição a Cavaco (e isto basta para mim) e 2) ele será, se for eleito, melhor Presidente que Cavaco (o que até admito, não será difícil).
Com os olhos postos no futuro, Manuel Alegre, será o presidente de todos os portugueses, e não apenas de alguns, como durante bastante tempo o actual Presidente foi.


SEGUEM-SE DOIS POEMAS DE FERNANDO PESSOA:
                              

         SIM, É O ESTADO NOVO ...

Sim, é o Estado Novo, e o povo
Ouviu, leu e assentiu.
Sim, isto é um Estado Novo
Pois é um estado de coisas
Que nunca antes se víu.


Em tudo paira a alegria
E, de tão íntima que é,
Como Deus na Teologia
Ela existe em toda a parte
E em parte alguma se vê.


Há estradas, e a grande Estrada
Que a tradição ao porvir
Liga, branca e orçamentada,
E vai de onde ninguém parte
Para onde ninguém quer ir.


Há portos, e o porto-maca
Onde vem doente o cais
Sim, mas nunca ali atraca
O Paquete  «Portugal»
Pois tem calado de mais


Há esquadra ... Só um tolo o cala,
Que a inteligência, propicía
A achar, sabe que, se fala,
Desde logo encontra a esquarda:
É uma esquadra de polícia.


Visão grande! Ódio à minúscula!
Nem para prová-la tal
Tem alguém que ficar triste:
União Nacional existe
Mas não união nacional.


E o Império ? Vasto caminho
Onde os que o poder despeja
Conduzirão com carinho
A civilização cristã,
Que ninguém sabe o que seja.


Com directrizes à arte
Reata-se a tradição,
E juntam-se Apolo e Marte
No Teatro Nacional
Que onde era a inquisição.


E a fé dos nossos maiores?
Forma-se impoluta o consórcio
Entre os padres e os doutores.
Casados o Erro e a Fraude
Já não pode haver divórcio.


Que a fé seja seja sempre viva.
Porque a esperança não é vã!
A fome corporativa
É derrotismo. Alegria!
Hoje o almoço é amanhã.

ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR

António de Oliveira Salazar.
Três nomes em sequência regular ...
António é António.
Oliveira é uma árvore.
Salazar é só apelido.
Até aí está tudo bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.
....................................................
Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve
o sal,
E sob o céu
Fica só azar, é natural.
Oh,  c´os diabos  !
Parece já choveu ...
.....................................................
Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho,
Nem sequer sozinho ...


Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.


Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé
Mas ninguém sabe porquê.


Mas enfim é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé.
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho,
Nem até
Café.

sábado, 1 de janeiro de 2011

010-ANO NOVO

010-Começo o ano 2011 com uma citação do nosso maior poeta:
                            
"Jamais haverá ano novo, se continuares a copiar os anos velhos"

 Luís de Camões