segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

09-Presidenciais

09-Hoje reforço uma decisão e admito um erro. Reforço a decisão de apoiar Manuel  Alegre sem reservas, e admito um erro de casting nas últimas eleições presidenciais quando votei Mário Soares. Vamos por partes.
Eu tenho um objectivo: derrotar Cavaco Silva. Considero Cavaco um político inteligente, que se faz passar pelo anti-político ("deixem-me trabalhar"). Cavaco conhece bem os portugueses (Salazar também conhecia !...), qualquer coisa contra a política e os políticos é bem vinda, logo é só deixando crescer a ideia que se chegou e se está na política para morarizar. Eu não gosto da personagem, nem do seu papel. Nunca gostei.
Com este objectivo, recordo derrotar Cavaco, deveria ter feito uma análise mais cuidadosa nas últimas eleições presidenciais, não o fazendo deixei-me levar pela emoção: votei Soares. Com isso, não forcei uma segunda volta e consequentamente levei à vitória de Cavaco.
Eu apoio Manuel Alegre, porque a sua candidatura satisfaz, para mim, dois requisitos: 1) é uma candidatura de oposição a Cavaco (e isto basta para mim) e 2) ele será, se for eleito, melhor Presidente que Cavaco (o que até admito, não será difícil).
Com os olhos postos no futuro, Manuel Alegre, será o presidente de todos os portugueses, e não apenas de alguns, como durante bastante tempo o actual Presidente foi.


SEGUEM-SE DOIS POEMAS DE FERNANDO PESSOA:
                              

         SIM, É O ESTADO NOVO ...

Sim, é o Estado Novo, e o povo
Ouviu, leu e assentiu.
Sim, isto é um Estado Novo
Pois é um estado de coisas
Que nunca antes se víu.


Em tudo paira a alegria
E, de tão íntima que é,
Como Deus na Teologia
Ela existe em toda a parte
E em parte alguma se vê.


Há estradas, e a grande Estrada
Que a tradição ao porvir
Liga, branca e orçamentada,
E vai de onde ninguém parte
Para onde ninguém quer ir.


Há portos, e o porto-maca
Onde vem doente o cais
Sim, mas nunca ali atraca
O Paquete  «Portugal»
Pois tem calado de mais


Há esquadra ... Só um tolo o cala,
Que a inteligência, propicía
A achar, sabe que, se fala,
Desde logo encontra a esquarda:
É uma esquadra de polícia.


Visão grande! Ódio à minúscula!
Nem para prová-la tal
Tem alguém que ficar triste:
União Nacional existe
Mas não união nacional.


E o Império ? Vasto caminho
Onde os que o poder despeja
Conduzirão com carinho
A civilização cristã,
Que ninguém sabe o que seja.


Com directrizes à arte
Reata-se a tradição,
E juntam-se Apolo e Marte
No Teatro Nacional
Que onde era a inquisição.


E a fé dos nossos maiores?
Forma-se impoluta o consórcio
Entre os padres e os doutores.
Casados o Erro e a Fraude
Já não pode haver divórcio.


Que a fé seja seja sempre viva.
Porque a esperança não é vã!
A fome corporativa
É derrotismo. Alegria!
Hoje o almoço é amanhã.

ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR

António de Oliveira Salazar.
Três nomes em sequência regular ...
António é António.
Oliveira é uma árvore.
Salazar é só apelido.
Até aí está tudo bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.
....................................................
Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve
o sal,
E sob o céu
Fica só azar, é natural.
Oh,  c´os diabos  !
Parece já choveu ...
.....................................................
Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho,
Nem sequer sozinho ...


Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.


Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé
Mas ninguém sabe porquê.


Mas enfim é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé.
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho,
Nem até
Café.

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