quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

304-Agostinho da Silva

304-Encarar a Morte É talvez sinal de prisão ao mundo dos fenómenos  o terror e a dor ante a chegada da morte ou a serena mas entristecida resignação  com que a fizeram os gregos uma doce irmã do sono; para o espírito liberto ela deve ser, como o som e a cor, falsa, exterior e passageira; não morre, para si próprio nem para nós, o que viveu para a ideia e pela ideia, não é mais existente, para o que se soube desprender da ilusão, o que fere os ouvidos e os olhos do que o puro entender que apenas se lhe apresenta  em pensamento; e tanto mais alto subiremos  quando menos considerarmos a morte como um enigma ou um fantasma, quanto mais a olharmos como uma forma entre formas.

Agostinho da Silva, in "Diário de Alcestes"

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