GATO
Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
De que obscura força és a morada?
Qrubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?
367
Alexandre O'Neill
Poesias Completas. 1951-1986 Lisboa, INCM, 1990 (3ª ed.) |
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
367-Alexandre O´Neill* --- Euler Luther
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