quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

23-Estado de Providência

23-Os professores de Economia Política da Universidade Católica andam nun lufa a ler as entrelinhas da "Economist", a refazer os seus manuais e a tirar paletó do Keynes da naftalina. As tarefas do revisionalismo histórico são mais pesadas do que a pura especulação teórica. Enfermeiras do capitalismo acamado, coitadas. Por este andar, João Carlos Espada, o Popper português, está qualquer dia a dar de comer aos patos do lago do Campo Grande ou a reescrever a histórica económica da Albânia - o que seria mau para os albaneses, mas tranquilizador para a saúde digestiva dos patos.

A crise intestinal do capitalismo está a ser combatida com uns"clijsters" que não lembram nem ao Dr. House nem ao Enver Hoxha e que deveriam fazer qualquer liberal que preze pegar em armas ou em estalinhos de Carnaval.
Uma coisa é certa, esta crise mostrou que a mão invisível não vai à manicure. Tem as unhas porcalhotas de tanto as meter no bolso dos outros. Ora, como eu sempre desconfiei, não há verdadeiros capitalistas ou liberais.
Os liberais encartados são de cátreda ou de oportunidade, e andam agora a assobiar para o ar, a fazerem-se de esquecidos. Uma arte nacional, o esquecimento premeditado.
Há apenas ricos e gananciosos a defenderem um modelo que permita multiplicar a sua riqueza sem grandes chatices, e os outros, que um um dia gostariam de poder ser capitalistas e liberais, desde que não tivessem uma prestação da casa para pagar ou uma multa do IRS para saldar.
Como sabem que nunca chegarão a ricos, bebem martinis e maldizem o Governo, e toca de emborcar mais uma que amanhã há avião para semenada de férias no Brasil, com pulseirinha de tudo incluído. Os ricos que pagem a crise.
Ainda não chegamos ao olho do furacão da crise, mas os sintomas de demência "ideológica" são evidentes. Os arautos do liberalismo económico parecem  baratas tontas; basta ver a tese peregrina defendida pelo ex-director do "Público", José Manuel Fernandes, de que esta crise financeira resulta do excesso de regulação do Estado decorrente do intervencionismo económico do Plano Marshall.
E já agora porque não discutir o dirigismo económico das tribos Neandartal ou o centralismo financeiro do Imperador Pepino, o grande ?
Sabendo que a farmacologia para doenças mentais está tão avançada, não se entende porque é que o Estado não compartecipa fármacos  para estes notórios casos patológicos que esperneiam nos jornais e nos blogues como maluquinhos num maicómio.
Por favor mediquem-nos ou então internem-nos. Podia criar-se uma ala psiquiátrica para estes casos, chamada, por exemplo - Ala Pacheco Pereira, ou o corredor da mão invisível.
Se acham que estou a axagerar, consultem o caderno de Economia do Expresso de há um tempo atrás.
Em plena "nacionalização" da banca americana, um professor assistente da Católica (de onde mais) defendia com denodo uma medida de "moralização" do Rendimento Mínimo, ou seja, que os beneficiários tivessem de fazer "prova" da sua pobreza.
A apostólica luminária não explicava lá muito bem como é que alguém faz prova da sua pobreza; talvez sinais de raquitismo, desnutrição, mordidelas de ratos ou a prova de que não têm nenhum leitor de DVD`s em casa. Felizmente esta tese digna de Prémio Nobel da Buraca caiu no esquecimento e ao contrário do que os liberais defendem, o Estado Providência não está falido, e o Rendimento Mínimo Garantido não só abrange as necessidades básicas da simpática comunidade cigana mas também a cobrir fortunas de empresários capitalistas (e logo, liberais) que andavam ao-ti-ao ti com o buraco financeiro do Banco Privado Português.
É bom saber que o Estado providencia e garante as casas na Quinta Marinha, os iates eos Bentleys destes "pequenos" aforristas, que para terem uma continha na Dona Branca dos Ricos (o sr. Rendeiro) precisavam no mínimo de um depósito de 50 mil euros.
Percebe-se que para o Dr. Júdice quem ganha 50 mil euros para pôr a render no banco seja um pequeno aforrista. É que o Dr. Júdice não é de cá, é de Coimbra.
Mas agora a sério, fico reconfortado em saber que as fortunas deste país estão a salvo do furacão, já que o Estado omnipotente e omnipresente nos protege.
Se os accionistas do Banco Privado Português e os administradores dos bancos portugueses têm o seu dinheirinho a salvo por causa dos riscos sistémicos de contágio do sistema financeiro, eu e os operários têxtil da Covilhã também podemos dormir descansados.
Afinal se eu ficar teso os riscos sistémicos para meia dúzia de bares, restaurantes e FNAC`s são muito elevados, tal como para tabernas e mercearias da Covilhã, caso os operários fossem lançados no desemprego.
Uma coisa boa do Estado Providência é trata as pessoas todas bem: banqueiros, ciganos, bebedolas e mineiros, tudo por igual tem o seu rendimento mínimo garantido, caso contrário haveria grandes riscos sistémicos para a Central de Cervejas ou para o importador do Moet e Chandon.
Rui Pelejão Marques

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