18-PÁTRIA
Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas
- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo
EXÍLIO
Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e po renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades
ESTA GENTE
Esta gente cujo rosto
Ás vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lemvra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o migafre
Pois a gente que tem
O rosto desanhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto a renova
E recomeço a busca
Dum país liberto
Duma vida limpa
E dum tempo justo
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
(Geografia)
Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas
- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo
EXÍLIO
Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e po renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades
ESTA GENTE
Esta gente cujo rosto
Ás vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lemvra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o migafre
Pois a gente que tem
O rosto desanhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto a renova
E recomeço a busca
Dum país liberto
Duma vida limpa
E dum tempo justo
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
(Geografia)
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