domingo, 27 de março de 2011

29-O HOMEM PRODUTO DE SI PRÓPRIO

                                                29-Não tenhamos ilusões

Alguém de senso comum acredita que um governo português, seja ele de cor política for e integre um, dois ou três partidos, por si só, tenha força política e anímica suficiente para dar por fim a tantas situações a necessitar de corte radical ?

Alguém de senso comum acredita que um governo português, por si só, tenha força política e animica suficiente para,  de repente, acabar com milhares de empresas públicas altamente deficitárias, absurdamente ruinosas, e institutos, fundações e outros organismos fantasmas, cuja finalidade consiste, única e simplesmente, em dar guarida a clientelas que têm que ser alimentadas custe o que custar ?

Alguém de senso comum acredita que um governo português, por si só, tenha força política e anímica para, contrariando a vontade de confederações patronais e sindicatos, fazer aprovar e cumprir decisões que todos sabemos absolutamente indispensáveis à reformulação do País, porque sem elas jamais conseguiremos sair do atoleiro em que estamos ?

Alguém de senso comum acredita que um governo português, por si só, tenha força política e anímica para actuar com firmeza nas áreas laboral e fiscal, e por no são a justiça portuguesa ?

Alguém de senso comum acredita que um governo português, por si só, tenha força política e anímica para cortar pela raíz tantos males que afligem a sociedade portuguesa e que estão nela alapados de tal forma que só com muito "sangue, suor e lágrimas" poderão ser extirpados ?

È evidente que ninguém de senso comum acredita em tal. E quem disser que sim, que acredita, que é possível, ou mente ou é inconsciente.

Assim sendo, como efectivamente é, ninguém acredita que se veja, mesmo que muito ao longe, alguma possibilidade de as coisas se modificarem de forma substancial.

È certo que é um alívio termo-nos livrado - veremos até quando - da arrogância, despotismo, atropelos às leis e às regras sociais, autoritarismo, enfim, de Sócrates. Tal não basta, porém, é preciso ir mais fundo, muito mais fundo, Porque o mal já existe antes de Sócrates. Este apenas o agravou, levando-o aos limites do inconcebível.

E ir mais fundo, implica uma descomunal força política e anímica, que não se vislumbram, tanto no quadro estritamente político nacional, como na sociedade portuguesa em geral.

A única forma de se dar a volta necessária, indispensável à actual situação é através de medidas muito duras e impopulares - embora mais justas do que as que o vilarista pretendia levar por diante - impostas com o respaldo do FMI. Só a força do FMI terá mesmo o poder de obrigar a que actue correcta e integralmente.

Supor que se pode alcançar o objectivo necessário por outra forma, é não viver de olhos e ouvidos bem abertos para as realidades da vida, no Portugal actual.

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