terça-feira, 1 de março de 2011

20-O ZECA BEM AVISOU*

20-O Zeca bem avisou

Passaram esta semana 24 anos que morreu José Afonso, mas continuamos a ouvir os seus cantares como qualquer coisa que está para além do tempo e os seus versos, sempre tocados por uma voz de emoção funda, arrebatam e inquietam as gerações mais novas. Não há outro autor, na canção portuguesa (só talvez Amália) que continua a influenciar tanto os artistas de hoje, que tantas vezes buscam nos seus versos inspiração para novas melodias, e outras para (re)interpretá-los ao sabor de novos caminhos da criação. Isso só acontece porque Zeca Afonso criou o seu próprio tempo, marcando-o  com poderosa originalidade, ao mesmo tempo que soube traduzir a dimensão colectiva e as aspirações de um povo. Por isso, ouví-lo, é sempre um reencontro. Ele soube tornar-se intemporal companheiro de jornada e os seus cantos, anunciadores de primaveras e de outros amanhãs, contém intacta a mensagem poética de esperança que ele trabalhou toda a vida. Com a mesma emoção, ouvimo-lo alimentar-se do veio lírico camoneano ou das canções tradicionais, de trabalho e de resistência, ou consubstanciar na sua poesia (que às vezes é surpreendente e surreal) um programa de felicidade para um país chamado Portugal, como se quizesse "avisar a malta" que a verdadeira aventura é transformar as coisas que nos servem como fatalidades e que a liberdade é um bem que se conquista todos os dias. Quando as desigualdades crescem e se reproduzem, à nossa volta, e os cavalheiros que dominam o sistema e são donos do poder arvoram como emblemas  de sucesso os números de riquezas colossais, apetece apurar o ouvido e escutar o Zeca a avisar-nos que, dançando "a ronda do pinhal do rei", "eles comem tudo, eles comem tudo, e não deixam nada" Ele bem avisou...
FPN-JF




Os "Vampiros" do Zeca Afonto, foi no tempo dos Salazarismos uma canção proibida em Portugal, porque continha conotações que não agradavam à Direita fascista.
  Naquele tempo os discos não eram editados em Portugal por isso quem ia lá fora podia sempre trazer uma cópia que depois divulgava clandestinamente. Eu fui um dos priveligiados que ouvia os discos proibidos pelo regime.
   Este vídeo "Os Vampiros" foi a última interpretação de José Afonso, no Coliseu dos Recreios, já ele estava muito doente.
     O 25 de Abril não acabou com os Vampiros, eles continuam por aí e cada vez mais gordinhos e anafados, tomaram conta das empresas públicas e do Estado e são os senhores das pensões vitalícias e dos rendimentos milionários. O 25 de Abril foi um trampolim para esta escumalha que nos governa e nos rouba descaradamente.






Sem comentários:

Enviar um comentário