119- LÁGRIMA DE PRETA
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para analizar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterizado.
Olheia-a de um lado,
do outro e de frente:
Mandei vir os ácidos,
as bases e o sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
António Gedeão
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para analizar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterizado.
Olheia-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.Mandei vir os ácidos,
as bases e o sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
António Gedeão
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