terça-feira, 10 de maio de 2011

119-LÁGRIMA DE PRETA*

         119- LÁGRIMA DE PRETA

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para analizar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterizado.

Olheia-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota                 
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e o sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão

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