1423
F A D O
Quem passeia de negro meu cansaço
sob árvores queimadas de um incêndio?
Decerto quem cantou ao meu ouvido
os versos cuja rima era o silêncio.
Quem agora me arrasta pelas cinzas
foi quem já me embalou na mão das águas
e, sobre a lua gasta, pôs o archote
que consumia em lágrimas as mágoas.
Minha fadiga veste-se de luto
e canta para si mesma em voz de choro,
e a terra esquece esquece as culpas que lhe cabem,
e arranca dos punhais fulgências de ouro.
Dormem os troncos nus salvos do fogo.
As folhas raras olham a noite imensa.;
(Pupilas da floresta vigilantes!...)
Passeia o meu cançaso quem não pensa;
passeia o meu cansaço um braço inerte,
e arrasta-o pelas cinzas , velho arado.
Porém toda a semente foi perdida,
secou a seara; e, agora, há um novo fado!:::
ALEXANDRE PINHEIRO TORRES
F A D O
Quem passeia de negro meu cansaço
sob árvores queimadas de um incêndio?
Decerto quem cantou ao meu ouvido
os versos cuja rima era o silêncio.
Quem agora me arrasta pelas cinzas
foi quem já me embalou na mão das águas
e, sobre a lua gasta, pôs o archote
que consumia em lágrimas as mágoas.
Minha fadiga veste-se de luto
e canta para si mesma em voz de choro,
e a terra esquece esquece as culpas que lhe cabem,
e arranca dos punhais fulgências de ouro.
Dormem os troncos nus salvos do fogo.
As folhas raras olham a noite imensa.;
(Pupilas da floresta vigilantes!...)
Passeia o meu cançaso quem não pensa;
passeia o meu cansaço um braço inerte,
e arrasta-o pelas cinzas , velho arado.
Porém toda a semente foi perdida,
secou a seara; e, agora, há um novo fado!:::
ALEXANDRE PINHEIRO TORRES
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