segunda-feira, 21 de julho de 2014

1437 - «FOI EM CRETA« - NATÁLIA CORREIA

1437

«FOI EM CRETA...»

Foi em Creta     No azul fêmea do Egeu

as naves embalavas ó sopro de Anaíta!
Tua pele esticada era o tambor da noite
cada homem era o dom de ouvir a tua cítara

Comovidas pulseiras tangias nos teus braços

piedosas avelâs escorriam dos teua cílios
aravam tua terra mamíferos afagos
cada homem era um príncipe no teu campo de lírios

Teu levantar de saias ó resplendor de púbis!

o joelho agressivo das espadas flectia
e na face dos homens deixavas e penugem
das nuvens aniladas que nas ancas movias

Eras mansa eras dança e génio de balança 

que as estações pesava   Fazias sol chovias
cada homem enchia com frutos o teu crânio
e  na alma caíam as roupas que despias

Eras mãe eras virgem eras cabra na cama

o vento que as mulheres menstruadas faziam 
eras tanta eras santa e a catedral de açúcar
que as pernas das amadas naturalmente abriam

Foi em Creta que as têmporas da Europa

premeditou no húmus do ventre dançante
Cada homem era a cauda torrencial do filho
bebida pela boca dourada do amante.

                                                        (Mátria)

NATÁLIA CORREIA

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