1712
AFOGADO NO RIO LEÇA
Vogavas entre duas águas com o corpo torcido
e a corrente impedita-te, vagarosamente, para a foz.
O coração batia mas já não respiravas;
a morte instalava-se no teu corpo\ molhado.
Devagar montava a máquina dos sonhos...
devagar armava-te as futuras asas.
No mar afundavam-se os símbolos da tarde;
enevelado, sem poesia, asfixiavas,
descendo o rio em direcção à noite,
descendo o rio em direcção à liberdade. sentou-se
As unhas violácias, os cabelos flutuando,
o sangue estrangulado, a fome liquifeita...
Então, como a um menino, alguém te conduziu para a
(margem relvada.
A Morte sentou-se a ver os trabalhos da respiraração
[artificial,
depois disse-te «Adeus», acenou-te «Até breve»,
e aproveitou a ambulância que te levava ao hospital
para ir mais depressa à sua vida.
EGITO GONÇALVES
AFOGADO NO RIO LEÇA
Vogavas entre duas águas com o corpo torcido
e a corrente impedita-te, vagarosamente, para a foz.
O coração batia mas já não respiravas;
a morte instalava-se no teu corpo\ molhado.
Devagar montava a máquina dos sonhos...
devagar armava-te as futuras asas.
No mar afundavam-se os símbolos da tarde;
enevelado, sem poesia, asfixiavas,
descendo o rio em direcção à noite,
descendo o rio em direcção à liberdade. sentou-se
As unhas violácias, os cabelos flutuando,
o sangue estrangulado, a fome liquifeita...
Então, como a um menino, alguém te conduziu para a
(margem relvada.
A Morte sentou-se a ver os trabalhos da respiraração
[artificial,
depois disse-te «Adeus», acenou-te «Até breve»,
e aproveitou a ambulância que te levava ao hospital
para ir mais depressa à sua vida.
EGITO GONÇALVES
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