1713
A FERNANDO PESSOA
(ELE MESMO)
Cada verso é uma esfinge ter falado.
Mas quanto mais explícito ela o diz,
Mais tudo permanece inexplicado
E menos de apreende o que ela quis.
Erra um sussurro, tão etério e alado
Que nem mesmo silêncio o contradiz.
E o ouví-lo, ou ávido ou irado
Na busca dum segredo sem raíz,
É como se em pensar -- um descampado --
Passasse fugitiva e intensamente
O Tempo todo inteiro projectado
E a sombra ali marcasse, na corrente
Do nada para o nada, inda passado
E já futuro, na ficção do presente.
REINALDO FERREIRA
A FERNANDO PESSOA
(ELE MESMO)
Cada verso é uma esfinge ter falado.
Mas quanto mais explícito ela o diz,
Mais tudo permanece inexplicado
E menos de apreende o que ela quis.
Erra um sussurro, tão etério e alado
Que nem mesmo silêncio o contradiz.
E o ouví-lo, ou ávido ou irado
Na busca dum segredo sem raíz,
É como se em pensar -- um descampado --
Passasse fugitiva e intensamente
O Tempo todo inteiro projectado
E a sombra ali marcasse, na corrente
Do nada para o nada, inda passado
E já futuro, na ficção do presente.
REINALDO FERREIRA
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