quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

1716 - «UM MORTO DEU À COSTA» PEDRO DA SILVEIRA

1716

UM MORTO DEU À COSTA

Tão sereno o rosto dele! e tão belos,
serenamente abertos, os seus olhos azúis!
--  Não lhes tocaram os peixes, não quizeram
violar-lhe (quem sabe!) aquela serenidade.

Nada lhe dizia o nome, a pátria, o navio
que foi a casa dele de porto em porto.
--  Seria um santo?  acaso El-Rei Dom Sebastião?
-- Nunca se soube quem  era Capitão Morto.

A sortilha no dedo: seu sinal de casado.
E um canivete e um rosário no bolso da farda.
Mas nada que dissesse, de escrito, o seu nome!
--  O Capitão Morto que botaram ao mar...

Um padre-nosso, por alma do santo 
Capitão Morto arrojado p`lo mar...

PEDRO DA SILVEIRA

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