terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

19-Os europeus correm contra o muro*

19-ENTREVISTA DE UM PROFESSOR CHINÊS DE ECONOMIA, SOBRE A EUROPA, O PROF. KUING YAMANG, QUE VIVEU EM FRANÇA:

1. A sociedade europeia está em vias de se auto-destruir. O seu modelo social é muito exigente em meios financeiros. Mas, ao mesmo tempo, os europeus não querem trabalhar. Só três coisas lhes interessam: lazer/entretenimento, ecologia e futebol na TV ! Vivem, portanto, bem acima dos seus meios, porque é preciso pagar estes sonhos de miudos...

2. Os seus industriais deslocalizam-se  porque não estão disponíveis para suportar o custo de trabalho na Europa, os seus impostos e taxas para financiar a sua assistência generalizada.

3. Portanto endividam-se, vivem a crédito. Mas os seus filhos não poderão pagar ´a conta´.

4. Os europeus destruíram, assim, a sua qualidade de vida empobrecendo. Votam orçamentos sempre deficitários. Estão asfixiados pela dívida e não poderão honrá-la.

5. Mas, para além de se endividar, têm outro vício: os seus governos `sangram´ os contribuintes. A Europa detém o recorde mundial da pressão fiscal. É um verdadeiro ´inferno fiscal´para aqueles que criam riqueza.

6. Não compreenderam que não se produz riqueza dividindo e partilhando mas sim trabalhando. Porque quanto mais se reparte esta riqueza limitada menos há para cada um. Aqueles que produzem e criam empregos são punidos por impostos e taxas e aqueles que não trabalham são encorajados por ajudas. É uma inversão de valores.

7. Portanto o seu sistema é perverso e vai implodir por esgotamento e sufocação. A deslocalização da sua capacidade produtiva provoca o abaixamento do seu nível de vida e o aumento do... da China !

8. Dentro de uma ou duas gerações ´nós´ (os chineses) iremos ultrapassá-los. Eles tornar-se-ão os nossos pobres. Dar-lhe-emos sacas de arroz...

9. Existe um outro cancro na Europa: existem funcionários a mais, um emprego em cada cinco. Estes funcionários são sedentos de dinheiro público, são de uma grande ineficácia, querem trabalhar o menos possível e apesar das inúmeras vantagens e direitos sociais, estão muita vezes em greve. Mas os decisores acham que vale mais um funcinário ineficaz do que um desempregado...

10. Vão (os europeus) direitos a um muro e a alta velocidade...
Nota: trabalhem, seus calões, e limpem-se a esse guardapo chinês

Até o Muammar Khadafi se ri e  dirige-se ao povo portugês  criticando os seus políticos oportunistas, corruptos e ladrões.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

18-"NEOLIBERALISMO"*

18-Neoliberalismo o caminho para a pobreza

Assistimos no mundo a grandes transformações ao nível político, social, económico/financeiro, ambiental, demográfico e tecnológico.

No entanto, o facto que efectivamente gera mexidas em todos os outros, é sem dúvida a aplicação de políticas neoliberais. O Neoliberalismo, é entendido actualmente como um produto do liberalismo económico clássico. O termo foi criado pelo sociólogo e economista Alemão Alexander Rustow. É no campo social que notam as maiores contestações populares, devido à redução da protecção social a cargo do estado, da redução de salários na função pública e à elevada carga fiscal aplicada aos trabalhadores.

Segundo o Prof. Michael Hudson (...) "o problema à escala da Europa na verdade está centrado na capital da União Europeia, Bruxelas. A neoliberal Comissão Europeia (CE) começou a delinear uma guerra contra o trabalho, sem precedents, superior à da década de 1930 - ainda mais extrema do que os planos de austeridade impostos pelo FMI e o Banco Mundial ao Terceiro Mundo em tempos passados."(...)

(...)"A Comissão EuroCpeia está a utilizar a crise hipotecária da banca - e a proibição de os bancos centrais cobrirem o défice orçamental dos governos - como uma oportunidade para multar governos e levá-los mesmo à bancarrota se não concordarem em baixar salários do sector público, esta medida visa por arrastamento chegar também ao sector privado. Os governos são instruidos para contrairem empréstimos a juros junto aos bancos, ao invés de captarem receita tributando-os. E se os governos não conseguirem dinheiro para pagar, terão de encerrar os seus programas sociais, e se por este motivo contrair a economia - e, portanto, baixarem as receitas fiscais do governo, mais medidas de corte nas despesas sociais devem ser tomadas, na crença de que isto "deixará mais excedente" disponível para pagar em serviço de dívida. Os governos devem tributar o trabalho - não as finanças, seguros ou imobiliário, impor novos impostos sobre o emprego e as vendas enquanto reduz pensões públicas e gastos públicos. A Europa está a ser transformada numa república de bananas."(...)

       (...)"Isto exige ditadura e o Banco Central Europeu (BCE) assumiu este poder [próprio] de um governo eleito. Ele é "independente" de controle político - celebrado como a "marca da democracia" pela nova oligarquia financeira de hoje. Mas como explicavam os diálogos de Platão" - Séc. V a.C., (ver Górgias - diálogo), "o que é a Oligarquia senão o cenário político que se segue à democracia. Agora podemos esperar que a nova elite do poder se torne hereditária - pela abolição de impostos sobre o património, para começar - e se transforme numa aristocracia absoluta. Juntem-se ao combate contra o trabalho, ou nós os destruiremos", está a Comissão (CE) a dizer ao governos. Isto é suicídio económico, mas a UE está a impor a sua exigência de que os governos da Euro-zona mantenham os seus défices orçamentais abaixo dos 3% do PIB - e a sua dívida total abaixo dos 60% do PIB. Não devem arrecadar impostos sobre a riqueza, mas apenas sobre o trabalho e o que ele compra (via impostos sobre o consumo). Mas ao mesmo tempo eles devem cortar salários e pensões, cortar na despesa pública e no emprego, e contrrair a economia."(...)

Os membros não eleitos do Banco Central Europeu (BCE), independente da política democrática, mas não do controle por parte dos seus bancos comerciais membros) usurparam o poder de planeamento de governos eleitos. Obrigado para com o eleitorado, o sector financeiro, o BCE teve pouca dificuldade em convencer a comissão da UE a apoiar a nova captura oligárquica do poder. Ameaça multar estados da euro-área em até 0,1% do PIB por falhas na obediência às suas recomendações neoliberais - ostensivamente
para "corrigir" desequilíbrios. Mas a realidade, naturalmente, é que toda "cura" neoliberal apenas torna as coisas piores.(...)

Ao invés de encarar o aumento de níveis salariais e padrões de vida como uma pré-condição para produtividade do trabalho mais alta, a comissão da UE "monitorará" custos do trabalho com a presunção de que salários em ascensão prejudicam a competitividade ao invés de elevá-la. O vasto espectro deste lixo da teoria económica neoliberal  está a ser trazido à luz . Se os membros do euro não podem desvalorizar as suas divisas, então devem combater o trabalho - mas não tributar o imobiliário, a banca ou outros sectores controlados pelos grandes grupos económicos, não regular monopólios e não proporcionar serviços públicos que possam ser privatizados a custos muito mais altos. Não se considera que a privatização prejudica  a competitividade - apenas o aumento de salários, sem quaisquer considerações quanto à produtividade. (...)"

A Revolução Neoliberal procura alcançar na Europa o que foi alcançado nos Estados Unidos a partir de 1979, quando os salários reaia pararam de subir. O objectivo é duplicar a fatia de riqueza relativa desfrutada pelos 1% mais ricos. Isto envolve reduzir a população à pobreza, romper o poder sindical e destruir o mercado interno como condição prévia para atribuir a culpa de tudo isto ao "Sr. Mercado", presumivelmente forças inexoráveis por detrás da política, puramente "objectivo" ao invés de uma captura do poder político. (...)
(...)há um caminho muito mais fácil para cortar o custo do trabalho pela metade do que reduzir os salários. Simplesmente mudar o fardo fiscal para fora do trabalho e para dentro do imobiliário e dos monopólios (especialmente a infraestrutura privatizada). Isto deixará menos excedente económico para ser capitalizado em empréstimos bancários, reduzindo consequentemente o preço da habitação (o principal factor no custo de vida do trabalho), bem como o preço de serviços públicos (fazendo com que os proprietários tomem os seus retornos como um retorno sobre capitais próprios ao invés de incorporar encargos de juros dentro do seu custo de fazer negócio). A dedutibilidade fiscal do juro seria revogada - não há nada de intrinsecamente "ditado pelo mercado" neste subsídio fiscal por dívida alavancada." (...)

17-A VOZ DO POVO

17-Hoje apetece-me rir

Hoje apetece-me rir
da merda deste País, da ditadura reciclável
que nos impõem descaradamente
das mãos nojentas que nos metem nos bolsos
dos colarinhos brancos sujos até às entranhas
dos Pinochets disfarçados de bons samaritanos
das taxas irreais que nos cobram absurdamente


Hoje apete-me rir,
dos rendimentos milionários dos burocratas
das pensões vitalícias dos corruptos
dos falsos tridentes, das mãos gordas
que nos tratam como dejectos

À foda-se,
hoje apetece-me rir,
do discurso de Sócrates
ao som do Cavaquinho
que nos pedem sacrifícios
em prol de um País pobrezinho

Hoje apetece-me rir,
da minha grande estupidez,
porque onde caga um português cagam logo
dois ou três.

Conceição Bernardino
____________________________


A minha cruz

Olá Conceição,

Isto está complicado, eu já tinha tentado noutros lados e pouco consegui, a mentalidade dos Portugueses é aquela descrita no artigo de Clara Ferreira Alves.

Houve um comentário muito bom de uma pessoa mas comentam outros artigos e este não lhes diz nada, se calhar é demasiado sério para eles!

Na minha procura por informação, encontrei este artigo de um jornalista, novamente Clara Ferreira Alves.

«[...] Nunca foi tão visível o empobrecimento intelectual do jornalismo e da política. O jornalismo tem de fazer as perguntas que ninguém faz e obter as respostas a que o público tem direito. Chegaram à profissão carregamentos de jovens sem preparação, mão de obra barata que exerce a profissão com a leviandade e a ignorância dos maus alunos. Existem colunistas e comentadores de cueiros, ligados a partidos e presumindo de independentes, existem estagiários a cobrir acontecimentos históricos, existem editores que não editem, existem prioridades invertidas. Existem trepadores sociais e velhos do Restelo. [...]»

Este fim de semana vi um artigo cujo título era "Estratégias de manipulação", e diz o seguintre entre outras coisas:

A estratégia da diversão
Elemento primordial do controle social, a estratégia da diversão consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mutações decididas pelas elites políticas e económicas, graças a um dilúvio continuo de distrtações e informações insignificantes. A estratégia da diversão é igualmente indispensável para impedir o público de se interessar pelos conhecimentos essenciais, nos domínios da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética.

Dirigir-se ao público como se fossem crianças
A maior parte das publicidades destinadas ao grande público utilizam um discurso, argumentos, personagens e um tom particularmente infantilizadores, muitas vezes próximos do debilitante, como se o espectador fosse uma criança pequena ou um débil mental. "Se se dirige a uma pessoa como ela tivesse 12 anos de idade, então, devido à sugestibilidade, ela terá, com uma certa probabilidade, uma resposta ou uma reacção tão destituída de sentido crítico como aquela de uma pessoa de 12 anos". ("Armas silenciosas para guerras tranquilas", do mesmo autor).

Manter o público na ignorância e no disparate
Actuar de modo a que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e a sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser da espécie mais pobre, de tal modo que o fosso da ignorância que isola as classes inferiores das classes superiores seja e permaneça incompreensível pelas classes inferiores".

Este país é pior do que uma republica das bananas e impera a lei da selva. As pessoas são tão "cegas" que não percebem que são usadas e que um dia isto pode-lhes também acontecer.

Obrigado, um abraço,
Arsénio Almeida
Publicada por Conceição Bernardino

sábado, 19 de fevereiro de 2011

16-PORTUGAL CONTEMPORÂNEO*

16-SE ESTIVERMOS TODOS UNIDOS, NUM AMBILENTE DE CAMPISMO, SERÁ MUITO MAIS FÁCIL SUPORTAR UMA SEMANA NA RUA À ESPERA QUE TIREM OS ACTUAIS SANGUESSUGAS DO PODER, INVESTIGAR O QUE FIZERAM: SÓCRATES, CAVACO, ARMANDO VARA, PORTAS, MEXIA... quero que sejam muitos deles investigados por ENTIDADES IMPARCIAIS, com ajuda externa quiçá... e que sejamos possibilitados de votar em pessoas novas, diferentes, nada do mesmo de sempre, remoderar partidos no seu "NÚCLEO DURO" (tirar Manuelas, Jardins, Pachecos Pereiras, Assis... os mais incompetentes e trapalhões) e colocar SANGUE NOVO, pessoas que confiamos! ... sei que parece utopia, mas não é impossível;) FALO DE FESTIVAL NO SENTIDO DE "congregação de pessoas acampadas todas juntas": assim foi no Egipto e assim é nos festivais de Verão. MAS É PARA SER LEVADO A SÉRIO.
Sou anti-anarquias instaladas! DEMOCRACIA SEMPRE!!


CARMEN MIRANDA - "O que é que a baiana tem" 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

15-A Sinistra Ministra*

15-Há um mês que não tenho vontade nenhuma de escrever, mas posso explicar, metade, por causas naturais, outra tanta, por milagres da Fé, e vamos já aos milagres da fé: como desde nunca, desde que me lembro, Portugal parece estar agora bem, o Governo não se sente, e aquelas calosidades que, diariamente, nos massacravam na televisão, desapareceram. É certo que há umas recaídas, porque ficámos com a suspeita de que Portugal era governado por sucateiros, "de facto", e pseudo-sucateiros, como Armando Vara, que não conseguia, por mais "Independentes" que tivesse frequentado, chegar aos esplendores de um verdadeiro sucateiro. Digamos, sem ofensas, que Vara estava para a sucata como as cópias da Loja dos Chineses para os originais da Place Vandôme, e mais não digo. O País estaria, portanto, calmo, se a Maria, do Centro Esquerda, não insistisse em comportar-se, perante as mulheres da Cimeira Ibero Americana, como a doméstica de serviço, mas, nisso, ela até é uma anti Vara, já que lhe veio na massa do sangue, e, quando levou a Rainha Sofia a ver a Paula Rego, mais uma das pedras negras do nosso imaginário, só lhe conseguiu soltar um "sim, já tinha ouvido falar, mas nunca tinha visto ...", ou coisa parecida, que é o equivalente Borbón, do "coitadinhos, também precisam..." Um dia destes, o Barahona Possolo passa a rasteira à Megera da Paula Rego, que vive de feitiçarias, e diz que as figuras dela "são más(!)". como se isso pudesse ser coroa de glória para um verdadeiro pintor, sobretudo para Goya, que ela bem tenta imitar, mas que, realmente, vivia sofridamente os horrores do seu tempo, ao contrário dessa doida, exilada em Inglaterra, e tentar fazernos engolir, através de deslumbrantes aparatos técnicos, os quais a transformaram numa "deslumbrada", o seu miserável imaginário de côdea rançosa, mas ...,olhem ..., até estou farto dessa, vinha era falar de um País, onde um governo de arrogantes se escondeu num canto, à espera de que a Oposição o faça cair, e de uma Oposição que se juntou, noutro canto, à espera de que eles fiquem à espera de eles os façam cair. Acho maravilhoso, e vale cem sóisinhos a dançar, na Cova da Moura, perdão, da Iria, e poderia continuar assim, eternamente, não fossem os números do nosso descalabro financeiro e económico estarem inexoravelmente a rolar, como numa irresistível ampulheta. Vamos ter mais dois mesitos disto, e depois caímos na real, e vai ser muito mau. O que a sinistra Alçada fez já é disso ameaço: a bruxa da Lurdes escondia o estrangulamento das carreiras em coisas do tempo da Casa Pia dela, como "titulares" e "excelentes", e ainda me
"ha dem" explicar o que seria isso no imaginário de porteira da outra, mas esta é pior, porque, com o seu sorriso de camelo, muito típico daquela estirpe de cínicas, já sacudiu a água do capote, e deixou-se de "excelências" e passou directamente a falar de cotas ditadas por disponilidades financeiras, astúcia velha desde Salazar, que é tirar o cavalinho da chuva, e deslocar as responsabilidades do Ministério da Educação para o das Finanças, velha retórica que nos colocou, durante todo o século XX, na Cauda da Europa. Há gente que está muito calminha, a acreditar na..."mudança".
Mas não era disso que eu vinha falar,
Hoje... (deixa-me cá olhar para o relógio), sim, hoje, dia 1 de Dezembro, faz anos que Portugal decidiu que tinha, idiossincrática e definitivamente, um bom par de coisas que o separava, forever and ever, da Coroa  Española, e concordo plenamente com isso: amigos, amigos, negócios à parte, e cada macaco no seu galho, de España, nem bom vento nem bom esquentamento, e assim teríamos rolado, se não tivessemos tranformado, com o Senhor Aníbal, de Boliqueime, no Caixote do Lixo da Europa. Os sucateiros e limpadores de toxinas que se lhe seguiram só aprimoraram a tendência, e isto está realmente mau, como Soares, um dos construtores da velha Europa Utópica, recentemente referiu. É mau, para uma velha nação, que o seu destino final tenha permitido ser colocado nas mãos de dois indigentes intelectuais, de duvio cariz moral e imprópria formação académica. Para acabarmos, ao menos que tivéssemos acabado às mãos de pés seis dedos de um degenerado de sangue contaminado, como aconteceu em Alcácer-Quibir, mas nunca nos calcanhares dos "porreiros, pá", da Cova da Piedade, e dos Diplomas da "Independente".
Dia 1 de Dezembro de 1640, uma Maria, de então, decidiu que mais valia ser Rainha, por um dia, do que Duquesa, toda a vida. Em 2009, por volta da mesma data, dois badochas, mais uma outra Maria, decidiram que, afinal, sempre mais valia ser mulher a dias  toda vida  do que cabeças erguidas, por uma só mais hora que fosse.
Um dia, que já esteve mais longe, voltaremos a sair para a rua, porque as nossas profundas padeiras de aljubarrota não perdoam a canalha desta estirpe. E eu estou, muito sentadinho, à espera desse belo dia.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

14-Julg. Público

14-O dom da palavra
Francisco Louçã:



 - Senhor Primero Ministro, isto está de tal maneira que até as
raparigas licenciadas têm que se prostituir para sobreviver.

O Primeiro Ministro com o seu sorriso inteligente responde:

 - Lá está o Senhor Deputado a inverter tudo, ... o que se passa é que o nosso sistema de ensino está tão bom, que até as prostitutas
hoje são licenciadas ...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

13-EINSTEIN

                                                         
                                           13Como vejo o mundo

     Como é estranha a nossa situação de seres humanos na Terra! Cada un nós aqui veio fazer uma breve visita. Ninguém sabe para quê, mas às vezes julga senti-lo. Do ponto de vista da vida quotidiana, sem reflexão mais profunda,  sabe-se porém que cada um existe para os outrros seres humanos - em primeiro lugar para aqueles de cujo sorriso e bem-estar depende plenamente a própria felicidade, en seguida também para os inúmeros desconhecidos, ao destino dos quais nos prende um laço de simpatia. Todos os dias penso imensas vezes que a minha vida exterior e interior assenta sobre o labor dos seres humanos presentes e dos que já faleceram, de modo que tenho de me esforçar por dar na mesma medida em que recebi e continuo a receber. Tenho ânsia de sobriedade e, frequentemente, uma ânsia premente de exigir do trabalho do meu semelhante mais do que é necessário. As diferenças sociais de classe não se justificam e, em última análise, são baseadas na violência. Creio também que uma vida exterior simples e modesta só pode fazer bem, tanto ao corpo como ao espírito.
    Não creio de modo algum na liberdade do ser humano, no sentido filosófico. Cada um age não só sobre pressão exterior como também de acordo com a sua necessidade interior. O pensamento de Schopenhauer: »O homem pode, na verdade, fazer o que quizer, mas não pode querer o que quer», impressionou-me vivamente desde a juventude e tem sido para mim um consolo constante e uma fonte inesgotável de tolerância. Esse conhecimento suaviza benèficamente o sentimento de responsabilidade levemente inibitório e faz com que  não tomemos demasiado a sério, para nós e para os outros, uma concepção de vida que justifica de modo especial a existência do humor.
    Do ponto de vista objectivo, pareceu-me  desprovido de senso querer-se indagar sobre o sentido ou a finalidade da própria existência da criação. E, no entanto, cada homem tem certos ideais, que o orientam nos seus esforços e juízos. Neste sentido o bem-estar e a felicidade nunca me pareceram  um fim em si (chamo a esta base ética o ideal da vara de porcos). Os ideais que me iluminavam e me encheram incessantemente de alegre coragem de viver foram sempre a bondade, a beleza e a verdade. Sem o sentimento de harmonia com aquele que têm as mesmas convicções, sem a indagação daquilo que é objectivo e eternamente inatingível no campo da arte e da investigação científica, a vida ter-me-ia parecido vazia. Os fins banais do esforço humano: propriedade, êxito exterior e luxo pareceram-me desprezíveis desde jovem.
    O meu sentido ardente de justiça social e de dever social estiveram sempre em estranho desacordo com uma marcada carência de necessidade directa de ligação com os homens e com as comunidades humanas. Sou um verdadeiro solitário («Einspanner», que nunca pertenceu inteiramente e de todo o coração ao Estado, à Pátria, ao círculo dos amigos ou até mesmo à família mais chegada, mas antes pelo contrário experimentou sempre, em relação a todas essas ligações, um sentimento indomável de estranheza e de ânsia de isolamento, um sentimento que com a idade mais se intensifica. Apercebemo-nos nìtidamente, mas sem o lamentarmos, que nos é limitada a convivência em sociedade com outros seres humanos. Um homem desta natureza perde, de certo modo, uma parte da sua maneira de ser inocente e despreocupada mas ganha em se sentir largamente independente das opiniões, dos hábitos e juízos dos homens, e não cai na tentação de estabecer o seu equilíbrio numa base tão pouco sólida.
    O meu ideal político é o democrático. Cada um deve ser respeitado como pessoa e ninguém deve ser idolatrado. É uma ironia do destino, que os outros homens me tenham testemunhado tanta admiração e estima, sem culpa minha ou merecimento pessoal. Tal facto deve provir do desejo, para muitos irrealizável, de compreenderem as pouca ideias que encontrei com fracas forças, numa luta incessante. Sei perfeitamente que, para se alcançar  qualquer finalidade organizadora, é necessário haver quem pense, coordene e, no total, assuma a responsabilidade. Porém, os conduzidos não devem ser constrangidos, mas antes poderem  eleger o seu chefe. Um sistema autocrático de coacção degenera, a meu ver, dentro de pouco tempo, pois a violência atrai aqueles que são moralmente inferiores e, em regra, no meu entender, aos tiranos de génio sucedem-se geralmente patifes. Por esse motivo fui sempre afincado  adversário dos sistemas como os de hoje encontramos na Itália e na Rússia. O que fez caír em descrédito a forma democrática dominante na Europa actual, não se deve atribuír à idéia democrática fundamental, mas sim à falta de estabilidade dos chefes de governo e ao carácter impessoal do modo de eleição. Creio, porém, que os Estados Unidos da América do Norte, nesse sentido, encontraram o verdadeiro caminho: têm um presidente responsável, eleito por  um prazo suficiente longo e com poderes bastantes para poder ser realmente sustentáculo da responsabilidade. Por outo lado, aprecio no nosso sistema político a assistência progressiva ao indivíduo, no caso de doença ou necessidade. Aquilo que considero verdadeiramente valioso na engrenagem da humanidade não é o Estado, mas sim o indivíduo criador e emotivo, a personalidade: só ela é capaz de criar aquilo que é nobre e sublime, enquanto o povo em si permanece embotado no pensar  e frígido no sentir.
    E vem a propósito referir-me ao mais equívoco produto do espírito gregário dos últimos cento e cinquenta anos - o militarismo. É uma espécie de nódoa nas grandes realizações da civilização moderna. Heroísmo encomendado, violência regulamentada, patriotismo arrogante tornam vil e abominável qualquer guerra de agressão. Por minha parte preferia ser fuzilado a tomar parte numa luta desse tipo.
    Apesar de tudo penso ainda tão bem da Humanidade que sinceramente creio que um dia o bom-senso dos povos o eliminará da lista dos flagelos inevitáveis - e não são poucos - de que a própria Natureza os traz sempre ameaçados.
    O que há de mais belo na nossa vida é o sentimento de mistério. É este o sentimento fundamental que se detém junto ao berço da verdadeira arte e da ciência. Quem nunca o experimentou nem sabe já admirar-se ou espantar-se. Pode considerar-se como morto, sem luz, totalmente cego! A vivência do mistério - embora com laivos de temor - criou também a religião. A consciência , da existência de tudo quanto para nós é impenetrável, de tudo quanto é manifestação da mais profunda razão e mais deslumbrante beleza e, que  só é acessível à nossa razão nas suas formas mais primitivas, essa consciência, esse sentimento, constituem a verdadeira religiosidade. Nesse sentido, e em mais nenhum, pertenço à classe dos homens profundamente religiosos. Não posso conceber um Deus que recompense e castigue os objectos da sua criação, ou que tenha vontade própria, de puro arbítrio no género da que nós sentimos dentro de nós. Nem tão-pouco consigo imaginar um indivíduo que sobreviva à sua morte corporal; as almas fracas que alimentam tais pensamentos fazem-no por medo ou por egoísmo ridículo. A mim basta-me o mistério da eternidade  da vida, a consciência e o pressentimento da admirável elaboração do ser, assim como o humilde esforço para compreender uma partícula, por mais pequena que seja, da razão que se manifesta na natureza.

                                  Do sentido da vida

    Qual é o sentido da nossa vida em especial, e qual o sentido da vida de todos os seres em geral? Saber responder a esta pergunta equivale a ser-se religioso. Hão-de perguntar: Fará sentido pôr-.se esta questão? Respondo: Quem considere a sua própria vida e a dos semelhantes como desprovida de sentido, não é sòmente infeliz, como ainda incapaz de viver.

                     O verdadeiro valor do homem

    Determina-se o verdadeiro valor do homem, observando, em primeiro lugar, até que ponto e em que sentido conseguiu libertar-se do seu Eu.

                                  Da riqueza

    Estou firmemente convencido de que nem todas as riquezas do Mundo poderiam fazer progredir a Humanidade, mesmo que se encontrassem na mão de um homem tão dedicado quanto possível à causa do  progresso. Só o exemplo dos grandes e dos puros pode conduzir a concepções e feitos nobres. O dinheiro atrai o egoísmo e arrasta consigo o desejo irresistível de dar-lhe mau uso.
    Alguém poderá imaginar Moisés, Jesus ou Gandhi equipados com o saco de dinheiro de Carnagie ?






segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

12-ANTÓNIO VIVALDI*

                                                                                                                               
12-Júlia Fischer, a famosa pianista e violinista alemã de origem judaica, interpretando as Quatro Estações de Vivaldi, neste caso o Verão - Academy of St. Martin-in-the-Fields

                                                                         VERÃO                                                          
                                                              PRIMAVERA
As Quatro Estações, de Vivaldi, para nos fazer  esquecer, por alguns momentos, as horas mais mais sombrias e frias deste inverno.                                                        

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

11-Beethoven - 9ª.Sinfonia ( Hino à Alegria do poeta Schiller)*

11-Não apenas uma música da criatividade humana, mas a demonstração da gana pelo iluminismo e contra as forças opressoras à liberdade, ao conhecimento ao alcance de todos sem restrições ou tabus. Também esta de tornou o hino da União Europeia!

A vida pode ficar melhor se você tiver tempo para perceber

Apenas contrinue o melhor, deixe suas preocupações fora da sua mente

Confie em mim meu irmão e eu realmente lhe mostrarei como

Fazer seus sonhos se tornarem realidade

E ouvir a ode à alegria

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

10-Ai Mouraria

                                             10-AMÁLIA
                                        canta Ai. Mouraria
                                Letra de Amadeu do Vale
                             Música de Frederico Valério



Ai, Mouraria
da velha Rua da Palma,
onde eu um dia
deixei presa a minha alma,
por ter passado
mesmo ao meu lado
certo fadista
de cor morena,
boca pequena
e olhar trocista

                     Ai, Mouraria
                     do homem do meu encanto              
                     que me mentia,
                     mas que eu adorava tanto.
                    Amor que o vento,
                    como um lamento,
                    levou consigo,
                    mais que ainda agora
                   a toda a hora
                   trago comigo

Ai, Mouraria
dos rouxinóis nos beirais
dos vestidos cor-de-rosa
dos pregões tradicionais
Ai, Mouraria
das procissões a passar,
da Severa em voz saudosa,
da guitarra a soluçar.

9-Hipocrisia dos cotas

9-A hipocrisia dos cotas que se comovem com a música dos Deolinda


Gente lixada pela vida há em todas as gerações. Mas, verdadeiramente lixado é a hipocrisia, a desonestidade e a trafulhice intelectual. E disso, todas as gerações estão bem servidas.

Por estes dias não há colunista, comentador, analista, calista, ou industrial da panaficação que não cite copiosamente a música dos Deolinda, que faz o retrato amargo da geração
Nem Nem, dos 500 euros ou, se quisermos, a geração lixada.
Em geral, todos estes cronistas pop-de-sociedade são da geração açambarcadora, a que alegadamente espoliou as oportunidades dos jovens e os remeteu ao beco sem esperança, mas todos morarizam  e escrevem como se não tivessem o bedelho no calduço.
Estes novos e improváveis ouvintes do Deolinda comovem-se até ao carpido do crocodilo com esta singela letra "Sou da geração sem remuneração/e não me incomoda esta condição./Que parva que eu sou/Porque isto está mal e vai continuar,/já é uma sorte eu poder estagiar./Que parva que eu sou/E fico a pensar,/que mundo tão parvo/onde para ser escravo é preciso estudar". Ora, se esta é a música de intervenção desta geração, acho que se calhar esta geração tem o que merece (felizmente não é),
Esta é a música que tempera o sentimento de culpa das gerações bem instaladas na gamela dos direitos adquiridos. Os mesmos que, quando eram novos, escutaram e conspiraram por um mundo melhor ao som do José Mário Branco e do Zeca Afonso, e que passaram o resto da vida a trair as canções da sua juventude.
A pueril letra dos Deolinda é o pouco que eles conhecem da geração sobre quem escrevem com aquela sabichice insuportável da senilidade precoce. Eles não sabem nada, mas mesmo nada sobre a geração que agora lamentam nos seus editoriais lamechas,
Quando muito conhecem os filhos e os amigos dos filhos, e como falamos de uma casta relativamente privilegiada e bem relacionada, o mais provável é os seus filhos até se estarem a safar, graças a um empurrãozinho, uma palavrinha ao amigo, um favorzinho inocente.
Se há uma geração lixada, a maior parte destes articulistas chorosos contribuiu para a lixar. Perguntem lá ao José Manuel Fernandes, se quando era director do "Público" alguma vez se preocupou com a distribuição equitativa da massa salarial? Se alguma vez se opôs a estágios não remunerados, ou a inacreditáveis fossos salariais na redacção? E, quando falo do José Manuel Fernandes, falo de todos os outros directores, directores adjuntos, editores ou políticos de lágrima fácil que por estes dias andam a lamentar o destino trágico da geração lixada. Alguma vez algum deles abdicou dos seus direitos adquiridos? Dos seus salários principescos (quando comparados com a base da pirâmide salarial)? E mais. Quantas vezes vêm anúncios e processos de recrutamento para meios de comunicação social?
É que os "lugares" que vai havendo, vão sendo traficados, negociados entre amigos, "afilhados" ou mesmo filhos. Se fizerem a árvore genealógica do jornalismo português vão perceber o que o nepotismo e a consanguinidade não são fenómenos só impotáveis ao PS e ao caciquismo das empresas públicas e das autarquias. A maior parte do que se escreve nos jornais sobre ética, mérito e justiça no mercado do trabalho é apenas simples e crua hipocresia.
É natural que este tipo de hipocrisia (ainda cega, acredito) se identifique com a letra dos Deolinda, porque nunca na vida vão entender que esta letra também está a falar deles. Por isso espero que a geração lixada saiba escolher os seus arautos e fazer o seu caminho e a sua luta sem se deixar enganar pelas lágrimas de crocodilo.
A voz da geração lixada não é a dos José Manuéis Fernandes, dos inacreditáveis  Cavacos (o coveiro a falar aos mortos) e nem sequer dos Deolinda do mundo. É sua própria. O melhor e mais cru retrato que li da geração lixada é o livro "Operador de Call Center" de um jovem autor chamado Hugo Pereira uma viagem bukowskiana ao quotidiano de um operador de call center que mantém a ácida lucidez do sonho com a relização de curtas metragens.
Ironicamente, o mais poderoso retrato que  eu vi desta geração enjaulada não encontou editora capaz e minamente atenta. Teve de imprimir o livro em Espanha e vendeu algumas dezenas a amigos e familiares. É trágico destino do génio. Talvez se fosse jornalista ou médium tivesse melhor sorte...
É que reduzir esta geração à dialética meterialista que nos move ou à cultura programada, oficial e comercial é desconhecer o imenso mundo de criatividade e energia que pulsa na geração lixada. É simplesmente não os conhecer.
Eu pertenço à geração rasca do Vicente Jorge Silva, e cá nos vamos desenrascando com um quinhão dos "direitos adquiridos" também não dou para o peditório do coitadinho da geração lixada.
Compreendo que a crise económica, o desemprego, os recibos verdes, a falta de protecção social e a eternização na casa dos pais são a dura realidade. Mas essa realidade não admite o conformismo ou a histeria, por exemplo, dessa eminência parava de serviço ao liberalismo betucho chamado Henrique Raposo e os seus queixumes
dondocas de bem instalado na coluna normalmente bem remunerada do "Expresso".
Esse rapaz está longe de ser um bom arauto para vocês, caros camarados da geração lixada. É mais um intrujão. Porque se entramos na lógica do confronto de gerações, de espoliados e espoliadores, estamos bem mal. Esses jovens liberais de pacotilha acreditam que o problema está nos "direitos adquiridos" pelos trabalhadores, que se alapam aos postos de trabalho que deviam estar destinados por direito divino aos jovens que saem da faculdade. Portanto, a solução seria desalojar os "velhos" dos seus dos seus trabalhos e regalias, para os poder passar a uma geração mais preparada e bem formada, e disponível para ser remunerada de forma mais cmpetitiva... para as empresas.
Ora a formação univertária pode conferir legítimas expectativas, mas não dá um direito divino ao emprego, pelo menos aos bons  empregos, sobretudo quando não os há, ou há poucos. Alguém se parece esqucer que o mercado de trabalho português não é proprtiamente o alemão, e que os empregos que geração lixada pretende ter acesso por decreto não são propriamente de cantoneiro, padeiro ou portageiro.
O que a histeria dos raposões do mundo defende é uma permanente competição pelos "bons empregos",\como se fosse líquido que um qualquer recem-licenciado fizesse melhor o meu trabalho. Uma fotógrafa amiga um dia disse-me que um cliente ficou espantado com a rapidez com que ela fez uma\ sessão. - Só demorou um hora?, perguntou ele - Não, demorei vinte anos e uma  hora - respondeu ela.
Se entrarmos numa lógica de confronto geracional no mercado de trabalho vamos todos sair a perder a curto prazo e as empresas tabém (a médio prazo). Desproteger o trabalho não é um bom negócio para ninguém, porque daqui a algum tempo não estariamos a discutir os problemas dois recém-licenciados, mas sim a falência e a miséria dos velhos licenciados. Se encararmos este grave problema social com preconceitos de classe, casta, ideológicos ou mesmo de geração, estaremos a atear o rastilho de um barril de pólvora.
Temos todos encontrrar a melhor forma de sermos uma sociedade solidária e mobilizada para o bem comum, uma sociedade de valores, de mérito, de cooperação (melhor que competição), e se para isso for preciso abdicar de alguns "direitos adquiridos", que aliás pago ao Estado (e não é pouco) seja. Eu estou disposto a fazê-lo. Mas só  se esses "direitos adqueridos" (um ordenado, seguro de saúde e direito de indemnização caso seja despedido, a troco da inovação, da iniciativa e da solidariedade social. Não os dou de barato a um jovem recém-licenciado que acomoda a peidola ao sofá dos pais, ao carro em segunda mão, aos copos no Bairro Altro, às tertúlias da lamentação, ao conformismo e à espera eterna de um emprego compatível com a sua condição. Querem uma vida melhor? Lutar por ela também ajuda.
Pelo menos, ajuda mais do que aplaudir os artigos de José Manuel Fernandes ou as músicas dos Deolinda.
É que uma parte da geração lixada também é uma geração acomodada que vai azedando. E azaedar é acabar com o sonho, o deles, e o nosso, num país mais justo e feliz.
Rui Pelejão

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

8-Zeca Afonso

8-Trás outro amigo também
José Afonso
Composicion: José Afonso


Amigo
Maior que o pensamento                              
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Em terras
Em todas as fronteiras
Seja bem vindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também
Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Tras outrro amigo também

7-Os DEOLINDA


                                             7Parvo é quem não vê

Não tive a sorte de assistir ao concerto que na semana passada os Deolinda deram no Coliseu do Porto.Mas basta ver o vídeo para nos apercebermos que algo de significativo aconteceu. A dado momento Ana Bacalhau, anuncia que vai cantar uma música nova e não foi preciso chegarmos ao fim da canção para termos a certeza que nascera um hino. A comunhão entre a banda e público mostrava que aquelas eram as palavras de uma inteira geração. De uma geração que estudou mas que não tem perspectivas, de uma geração que anseia por estabelidade familiar mas que vive enredada na precariedade, de uma geração que já não tem grandes cartilhas ideológicas mas que não permacerá para sempre no desânimo e na apatia.
Houve quem dissesse que renascera a canção de intervenção. Talvez. No fundo, ela verdadeiramente nunca morreu. O campo musical português está cheio de exemplos de letras combativas, e não é preciso sequer remetermo-nos  para o domínio do hip-hop. Veja-se por exemplo a poética artesanal  cultivada por Pedro e Diana. Mas o que ali aconteceu foi diferente: a insatisfação de uma parte considerável tinha encontrado manerira de se dizer. E isso também não é novo - há quanto tempo andamos a falar de precariado, de falsos recibos verdes, de geração bloqueada? - aquele momento trouxe alguma coisa que faltava: uma linguagem simples para falar de experiências comuns.
    A política não se confunde com uma canção, mas os sentimentos de pertença colectiva constroem-se de várias maneiras. E o que os Deolinda fizeram foi dar voz a esse  sentimento. De repente, a vida adiada de cada um e de cada uma tornou-se parte de um todo. O reconhecimento desse "mundo tão parvo em que para se ser escravo é preciso estudar" exorcisou um pouco a realidade. Chega? Não chega. Mas naquela noite a impotência morreu um bocadinho mais.
                             "Parva que sou", a novo trabalho dos Deolinda            

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

6-O País do olaré

6-Mais vale um pássaro na mão de que dois a voar.

 Circula por aí muita conversa fiada sobre eleições legislativas antecipadas, ampliada com a vitória eleitoral de Cavaco Silva. É natural. Por pressão interna do partido, Passos Coelho precisa de chegar rapidamente à chefia do governo, antes que, na tradição do PSD, o enviem definitivamente para Massamá. O «aparelho» está sequioso para ocupar os lugares da nomenclatura governativa, institutos, empresas públicas, e por aí fora e exige-lhe que se apresse. São muitos anos apeados e, mais algum tempo, toda uma geração perde a oportuinidade de se sentar à mesa do «poder». No entanto, Passos Coelho sabe que a pressa é má conselheira, e não quer correr riscos. E sabe, também, que quem provocar uma crise política por motivos não «atendíveis» pelos portugueses, sobretudo na presente situação de penúria e má sorte, corre o risco de ser penalizado eleitoralmente. Daí que aposte na necessidade de «entrada» do FMI como «o facto» que fundamente a dissolução da Assembleia da República, descartando-se da apresentação de uma moção de sensura ao governo, cujo resultado seria incerto. Por seu lado, o Presidente da República, agora reeleito, não vai mexer uma palha (mesmo com a «entrada» do FMI), enquanto não tiver a »certeza absoluta» que da realização de eleições antecipadas resultará uma nova maioria parlamentar. O pior que lhe podia acontecer, a Cava Silva, para além do «caso BPN», era o PS voltar a ganhar as eleições ou ganhar o PSD, mas sem maioria absoluta, mesmo com o CDS. Tudo visto, parece-me que a esperada reeleição de Presidente da República nada alterou no figurino político. Antes pelo contrário: demonstrou que os eleitores preferem estabelidade política a mudanças incertas e nebulosas. Como diz o povo: «Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar».
(Publicado no Aparelho de Estado)