6-Mais vale um pássaro na mão de que dois a voar.
Circula por aí muita conversa fiada sobre eleições legislativas antecipadas, ampliada com a vitória eleitoral de Cavaco Silva. É natural. Por pressão interna do partido, Passos Coelho precisa de chegar rapidamente à chefia do governo, antes que, na tradição do PSD, o enviem definitivamente para Massamá. O «aparelho» está sequioso para ocupar os lugares da nomenclatura governativa, institutos, empresas públicas, e por aí fora e exige-lhe que se apresse. São muitos anos apeados e, mais algum tempo, toda uma geração perde a oportuinidade de se sentar à mesa do «poder». No entanto, Passos Coelho sabe que a pressa é má conselheira, e não quer correr riscos. E sabe, também, que quem provocar uma crise política por motivos não «atendíveis» pelos portugueses, sobretudo na presente situação de penúria e má sorte, corre o risco de ser penalizado eleitoralmente. Daí que aposte na necessidade de «entrada» do FMI como «o facto» que fundamente a dissolução da Assembleia da República, descartando-se da apresentação de uma moção de sensura ao governo, cujo resultado seria incerto. Por seu lado, o Presidente da República, agora reeleito, não vai mexer uma palha (mesmo com a «entrada» do FMI), enquanto não tiver a »certeza absoluta» que da realização de eleições antecipadas resultará uma nova maioria parlamentar. O pior que lhe podia acontecer, a Cava Silva, para além do «caso BPN», era o PS voltar a ganhar as eleições ou ganhar o PSD, mas sem maioria absoluta, mesmo com o CDS. Tudo visto, parece-me que a esperada reeleição de Presidente da República nada alterou no figurino político. Antes pelo contrário: demonstrou que os eleitores preferem estabelidade política a mudanças incertas e nebulosas. Como diz o povo: «Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar».
(Publicado no Aparelho de Estado)
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