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O TEMPO E OS OLHOS
Há um minuto quebrado
-- Um instante que estava prometido --
Num busto de gesso mutilado,
Com pó acumulado
Aonde o coração tinha batido.
Não quero ser estátua nem esboço.
Antes a aranha que lhe tece a teia
Do que o voluma imóvel duma veia
Que sobressai dum músculo sem osso.
Não quero ser a forma repartida
Por quantos copiam e separam
Da sua íntima luz adormecida.
Quero é um corpo que tenha cheiro, e vida.
Quero na estátua as mãos que a modelaram.
Quero os teus olhos húmidos e graves
E tristes de pensar,
Postos no tempo sem o copiar
E suspensos dele, como o das aves
ANTÓNIO NORTON
O TEMPO E OS OLHOS
Há um minuto quebrado
-- Um instante que estava prometido --
Num busto de gesso mutilado,
Com pó acumulado
Aonde o coração tinha batido.
Não quero ser estátua nem esboço.
Antes a aranha que lhe tece a teia
Do que o voluma imóvel duma veia
Que sobressai dum músculo sem osso.
Não quero ser a forma repartida
Por quantos copiam e separam
Da sua íntima luz adormecida.
Quero é um corpo que tenha cheiro, e vida.
Quero na estátua as mãos que a modelaram.
Quero os teus olhos húmidos e graves
E tristes de pensar,
Postos no tempo sem o copiar
E suspensos dele, como o das aves
ANTÓNIO NORTON
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