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ESPELHO
Espelho do quarto, pregado à parede.
Só húmido tempo nas machas da cal,
E as bocas da fome, do riso, e da sede.
Retrato de vidro da cor natural.
As nítidas rugas, a forma do sexo,
A idade dos mortos que vem no jornal.
Se canto é o sonho que está no reflexo
Por dentro das coisas que estão no real.
Se vejo é teu corpo, na sombra, no ar,
No fundo dos olhos que estão distraídos
Com o cheiro da vida que está a passar.
Se entendo é a voz que está nos ouvidos
Por dentro da voz que está a falar
Tão fora das coisas que estão nos sentidos.
Se olho, é uma concha. Se canto, é o mar.
ANTÓNIO NORTON
ESPELHO
Espelho do quarto, pregado à parede.
Só húmido tempo nas machas da cal,
E as bocas da fome, do riso, e da sede.
Retrato de vidro da cor natural.
As nítidas rugas, a forma do sexo,
A idade dos mortos que vem no jornal.
Se canto é o sonho que está no reflexo
Por dentro das coisas que estão no real.
Se vejo é teu corpo, na sombra, no ar,
No fundo dos olhos que estão distraídos
Com o cheiro da vida que está a passar.
Se entendo é a voz que está nos ouvidos
Por dentro da voz que está a falar
Tão fora das coisas que estão nos sentidos.
Se olho, é uma concha. Se canto, é o mar.
ANTÓNIO NORTON
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