quinta-feira, 11 de setembro de 2014

1487 - «PEQUENA METÁFORA DA ARANHA E DA MOSCA» ANTÓNIO LUÍS MOITA

1487

PEQUENA METÁFORA DA ARANHA E DA MOSCA

Invisíveis fios de oiro à luz do sol  sem vento
a solitária aranha preparou.
Como que dorme, agora. Aguarda o alimento:
um pequenino insecto desatento,
um impensado voo.

A mosca vem, Zumbe no ar. Esvoaça.
desprevenida, rápida, contente.
A solitária aranha sente a caça:
comprime-se no canto. E a mosca passa
mesmo ao lado da morte, velozmente.

Regressa, logo a após. Mergulha. Evita
uma vez mais a morte certa. A teia
treme. A aranha freme. A morte grita.
A mosca  -  essa  -  permanece alheia.

Ziguezagueia, impávida, Descreve
três círculos concêntricos no espaço.

ANTÓNIO LUÍS MOITA

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