segunda-feira, 22 de setembro de 2014

1498 - «CONVERSO COM A MORTER» - ANTÓNIO LUIS MOITA

1498

CONVERSO COM A MORTE

Converso com a morte que me diz
que não existe e que os humanos olhos
só vêem quando cegos.

                                          (Pudesse eu
accreditá-la como ao sol que vejo
entre nuvens e anos! Soubesse eu
desfiá-la  nos dedos como à tua
transitória presença!)

                                         Sim, converso
com a morte certeira que me rasga
diàriamente um nada e me antevê
lapiadado, redondo, cristalino,
como antes de nascer desenganado.

ANTÓNIO LUIS MOITA



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