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A FERNANDO PESSOA (ELE MESMO)
Cada verso é uma esfinge ter falado.
Mas quanto mais explícito ela o diz,
Mais tudo permanece inexplicado
É menos se apreende o que ele quis.
Erra um sussuro, tão estéreo e alado
Que nem mesmo silêncio o contradiz.
E o ouví-lo, ou ávido ou irado
Na busca dum segredo sem raiz,
É como se em pensar -- um descampado --
Passasse fugitiva e intensamente
O tempo todo inteiro projectado
È a sombra ali marcasse, na corrente
Do nada para o nada, inda passado
E já é futuro, a ficção do presente.
Reinaldo Ferreira
A FERNANDO PESSOA (ELE MESMO)
Cada verso é uma esfinge ter falado.
Mas quanto mais explícito ela o diz,
Mais tudo permanece inexplicado
É menos se apreende o que ele quis.
Erra um sussuro, tão estéreo e alado
Que nem mesmo silêncio o contradiz.
E o ouví-lo, ou ávido ou irado
Na busca dum segredo sem raiz,
É como se em pensar -- um descampado --
Passasse fugitiva e intensamente
O tempo todo inteiro projectado
È a sombra ali marcasse, na corrente
Do nada para o nada, inda passado
E já é futuro, a ficção do presente.
Reinaldo Ferreira
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