segunda-feira, 26 de maio de 2014

1385 - MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS - "UMA CORDA, UMA GARGANTA"

1385

«UMA CORDA, UMA GARGANTA»

Uma corda. Uma garganta.

Duas dores. O Infinito
Um irmão que chora. Uma mãe que canta.
E uma noiva que diz ai que eu grito.

Um soluço uma noite uma aurora

uma mesa -- um suicida esquesito.
Um irmão que sai porta fora
Um menino que compra um apito.

Uma senhoria irritada

Dois odores a gato pingado.
Uma noiva inconformada, coitada.
Uma mala muito bem fechada.
Um quarto de novo alugado.

Uma mãe que sorri. Alguém que ama

um corpo quente que nem quê.
Uma rua cheia de lama.
Uma noiva que sabe porquê.

Mário Cesariny de Vasconcelos



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