1377
«QUANDO CHEGOU O TEMPO...»
Quando chegou o tempo de meu tio António tomar o
[caminho da América
meu avô levou-o a bordo da barca Kennard:
ele tinha quinze anos, era o mais moço
dos qutro filhos de meu avô.
A mãe botara-lhe amor mais que a nenhum
e o pai, de estimação, dera-lhe o nome
do bisavô lendário dele.
o que tornou às Flores em secreto das justiças d´El-Rei,
frustrado matador, por se justar,
e construtor ali de igrejas
para vencer no céu os seus pecados.
-- Mas deixemos para outra vez a história do meu tetravô,
esse que os linhasgistas insulanos dão
por falecido em data incerta, em partealifórnia
desconhecida...
Esta, a história do embarque de meu tio António para
[a América,
começa em Santa Cruz das Flores
meu avô no abrir de Junho de 1884.
Meu avô na d
espedida abraçou-o e as lágrimas
como chuva escorreram pelas suas barbas cor de mel.
Ficava só, isto é, sem outro
filho macho à sua beira. E então
volveu os olhos para os montes e as casas da vila,
ao depois fitou o mar, a barca toda.
E disse: «Pequeno,
quanto dinheiro troiveste de casa?»
Tirante a passagem, meu tio respondeu ainda tinha
[quarenta e sete pesos amaricanos parta o carro-de
[-fogo mais o bordo do hotel.
«Escuta pequeno: esse restante chega para ambos os dois
[até passante do porto de Bastão; e lá, por terras
[dentro Deus ajuda.»
Vinte e dois dias vencidos, em Boston, Mass, era domingo,
[ouviram missa
À tarde beberam como piedosos irlandeses em dia santo
[de São Patrício o que deu cabo das cobras,
e sendo noite meu avô levou o moço
a uma casa que tinha uma luz vermelha à porta.
De manhã abalaram, e foi
como se nada daquilo acontecera.
Até à Califórnia trabalharam nos farmes e onde adregava.
Às vezes viajaram escondidos
nos carros-de-fogo que metiam medo a meu tio António.
Pedro da Silveira
«QUANDO CHEGOU O TEMPO...»
Quando chegou o tempo de meu tio António tomar o
[caminho da América
meu avô levou-o a bordo da barca Kennard:
ele tinha quinze anos, era o mais moço
dos qutro filhos de meu avô.
A mãe botara-lhe amor mais que a nenhum
e o pai, de estimação, dera-lhe o nome
do bisavô lendário dele.
o que tornou às Flores em secreto das justiças d´El-Rei,
frustrado matador, por se justar,
e construtor ali de igrejas
para vencer no céu os seus pecados.
-- Mas deixemos para outra vez a história do meu tetravô,
esse que os linhasgistas insulanos dão
por falecido em data incerta, em partealifórnia
desconhecida...
Esta, a história do embarque de meu tio António para
[a América,
começa em Santa Cruz das Flores
meu avô no abrir de Junho de 1884.
Meu avô na d
espedida abraçou-o e as lágrimas
como chuva escorreram pelas suas barbas cor de mel.
Ficava só, isto é, sem outro
filho macho à sua beira. E então
volveu os olhos para os montes e as casas da vila,
ao depois fitou o mar, a barca toda.
E disse: «Pequeno,
quanto dinheiro troiveste de casa?»
Tirante a passagem, meu tio respondeu ainda tinha
[quarenta e sete pesos amaricanos parta o carro-de
[-fogo mais o bordo do hotel.
«Escuta pequeno: esse restante chega para ambos os dois
[até passante do porto de Bastão; e lá, por terras
[dentro Deus ajuda.»
Vinte e dois dias vencidos, em Boston, Mass, era domingo,
[ouviram missa
À tarde beberam como piedosos irlandeses em dia santo
[de São Patrício o que deu cabo das cobras,
e sendo noite meu avô levou o moço
a uma casa que tinha uma luz vermelha à porta.
De manhã abalaram, e foi
como se nada daquilo acontecera.
Até à Califórnia trabalharam nos farmes e onde adregava.
Às vezes viajaram escondidos
nos carros-de-fogo que metiam medo a meu tio António.
Pedro da Silveira
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