segunda-feira, 4 de agosto de 2014

1446 - «O REVÓLVER DE TRAZER POR CASA» ALEXANDRE O´NEILL

1446

«O REVÓLVER DE TRAZER POR CASA»

Querem fazer de mim o revólver de trazer por casa,
Fizeram já de mim o revólver de trazer por casa,
Aquele que  toda a gente, uma, duas vezes na vida,
Encosta por teatro a um ouvido
Que acaba por se fechar envergonhado.

Um bom revólver domesticado:
Algumas noções de pré-suicídio, mas não mais,
Que a vida está muito cara e a aventura
Nem sempre devolve o barco que lhe mandam.

Quem espera por mim não espera por mim
E talvez me encontre por um acaso distraído.
Mas no meu obsceno mostruário de gestos,
Guardo o mais obsceno
Para quando a ilusão se der...

          (No Reino da Dinamarca, ed. 1967)

ALEXANDRE O´NEILL

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